sábado, 31 de dezembro de 2011

Foto magistral de uma libélula na chuva

Só espero que a chuva não tenha machucado suas asinhas:


Foto de libélula foi a vencedora do Grande Prêmio e da categoria Natureza do Concurso Fotográfico de 2011 da revista National Geographic. "Quando me preparei para fazer a foto dela, começou a chover. Decidi tirar a foto assim mesmo", disse Shikhei Goh, autor da foto. Imagem foi feita nas Ilhas Riau, na Indonésia.

Carlos Poyares e sua indefectível flauta de lata



Carlos Poyares e sua idefectível flauta de lata
(uma flautinha antiga e de brinquedo)


Composição de Waldir Azevedo.


Carlos Poyares (1928-2004)
Acompanhado do Regional: "Isaías e seus chorões"

(Arquivo: Raíssa Amaral - Piracicaba / SP - Brasil)

Músico, compositor e flautista brasileiro. Conforme publicado na Agenda do Choro & Samba, Carlos Poyares (Flautista capixaba) é natural de Colatina-ES, iniciou os seus estudos de flauta aos 5 anos de idade e já aos 8 anos se apresentava em palcos para todo Brasil.

Mais tarde aprendeu teoria musical e teve aulas de flauta com um maestro. Trabalhou no circo.

Solista de vários conjuntos, nos anos 50 foi para o Rio de Janeiro trabalhar no rádio, tendo substituído Altamiro Carrilho no Regional do Canhoto, da Rádio Mayrink Veiga, onde trabalhou até o fim da emissora, em 1964.

Gravou e se apresentou com Orlando Silva, Silvio Caldas, Nelson Gonçalves, Dolores Duran, Luis Vieira, Mário Zan, Luis Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Vicente Celestino, Waldir Azevedo, Tom Jobim e outros.

Nos anos 60 participou do espetáculo "O Samba Pede Passagem", dedicando-se ao repertório de samba e choro.

Tem 81 discos ou Cds gravados como solista.

Premiado com o melhor disco do ano em 1965, 1975 e 1980. Ganhou a medalha Estácio de Sá no Rio de Janeiro, sendo os três discos tocados com flauta de lata (uma flautinha antiga de brinquedo). Um deles é o disco Som de Prata em Flauta de Lata da gravadora Marcus Pereira, com repertório eminentemente chorístico, que ainda hoje tem grande vendagem em toda Europa.

Historiador da música popular instrumental brasileira.

Pesquisador da vida e obra de Pixinguinha, pela USP em 1980, aprovado pelo Ministério da Cultura.

Fundador da Escola de Música da faculdade de Penápolis-SP.

Idealizador e diretor da escola do choro de Brasília -DF.

Solista durante 8 anos no Real Baile da Saudade de Francisco Petrônio.

Atração principal 10 anos do Clube do Choro de São Paulo, e um dos fundadores e também atração principal da Rua do Choro (R. João Moura) no bairro de Pinheiros São Paulo.

Representou o Brasil em 1994 oficialmente pelo Itamarati e Banco do Brasil, se apresentando com seu conjunto em Portugal, Espanha, França e inclusive recebendo aplausos da Coroa Imperial em Haia, na Holanda.

Se apresentou em setembro de 1994 na Feira Internacional do Livro em Frankfurt-Alemanha.

Excursionou em Tóquio e Osaka no Japão em outubro de 1994 pelo festejos do centenário da Amizade Brasil-Japão.

Abrilhantou a inauguração do shopping Galeria Pacifíco em agosto de 1995 em Buenos Aires com aplausos do presidente Menem, com a presença da Exma. Sra. Dorothea Werneck, então Ministra da Fazenda do Brasil e do Sr.Caio Luis de Carvalho(Caito), presidente da Embratur.

Vencedor, em 1994, do concurso internacional de música Fet de La Musique em Paris, que se realiza anualmente todo 21 de junho, sendo o primeiro lugar ente 600 conjuntos do mundo todo, laureado com a crônica de Jean Soublin, maior cronista música da França da atualidade.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Gilberto Gil - Extra




Arrigo Barnabé (Sabor de Veneno)

Apresentação de Arrigo Barnabé no programa Fábrica do Som da TV Cultura em 1980 e pouco. Com Vania Bastos - vocal, Bozo Barretti - teclados, Tonho Penhasco - guitarra, Paulinho Barnabé - percussão, Otavio Fialho - contrabaixo, Duda Neves - bateria, .Arrigo Barnabé - piano



Segundo Huertas Torres

MIGUEL DE LEON, critico de arte, escreveu sobre a obra de Segundo Huertas Torres:

"Una obra profundamente americana, de clara orientacion figurativa en donde la figura está llena de fuerza expresiva y de peso simbolico."

 
 
 
 
 
 
Obras
onde a magia e o encanto
abrem passagem
com cores equatoriais.
 
J.R.Toffanetto

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Libertango - Astor Piazzolla & Bond

Sofisticado ritmo portenho

O "escadão" na trilha dos contos de fadas


Eu não repararia no muro do "escadão" caso não tivesse descido da bicicleta para empurrá-la morro acima. Fui atraído pelas cores de um grafite num pequeno trecho de sombra.

Até voltar com a máquina fotográfica, algumas reflexões passaram a me rondar.

Neste desenho, a arte, como um pictograma da realidade, põe luz sobre o que não é comumente visto, ou melhor, traz para o consciente o que estava na ante-sala (o subconsciente). Há valor nisto, todavia, na expressão artística em geral (culta ou não culta), raramente as idéias são fundidas para trazer a linguagem da expressão absoluta, na razão máter do que somos, e se ainda não somos, aonde é que poderíamos ou deveríamos estar - como chegar (o vir-a-ser) é para a filosofia e não para a arte.

As artes, em que pesem suas luzes, não tem ido além do reportar as condições intrínsecas e extrínsecas encontradas. Por mais que as idéias sejam brilhantes, elas não se fundem para operar integração ao que é maior do que nós somos, por assim ser, quase nunca vai mais além do que temos sido. Com artes e filosofias débeis, o homem em comum não sabe aonde chegar, e assim os povos, as nações, o planeta.

Em linhas gerais, ao contrário do reportado no desenho acima e na linguagem da citada razão máter de nossa existência, a mulher vem para libertar o homem e vice-versa. Um processo de crescimento evolutivo em busca da felicidade. Constroem-na a partir da segurança adquirida pelos obstáculos vencidos, pela conquista de suas individuações abertas em conjunto. Ao fim, a liberdade associada ao vôo livre, e o vôo livre ao prazer, ou condição sine quae non para se alcançar a paz, o reinar sobre si mesmo. Fora disto, o relacionamento homem-mulher é prisão, limitação, pobreza de espírito. Sobre isto não há na história da arte como algo idealizado a partir de princípios absolutos, eternos (exceto nos contos de fadas).

Enfim, o valor deste grafite está em abrir tal tema. Elevar-se-ia à milenar arte dos contos de fadas se, pelo menos, vencesse a parede, mesmo assim, este artista do grafite fez mais do que os artistas contemporâneos que conheço e pertencentes a uma elite tão vaidosa quanto burra.

 
Qual quadrinho de gibi, segue-se um personagem que escolheu um caminho próprio, só seu. De mochila nas costas ele parte para o mundo em busca da conquista do reino de si mesmo, mas encontra uma parede. A mão esquerda foi desenhada sobre um buraco de drenagem, enquanto a esquerda está espalmada contra a parede em avaliação da dificuldade. Haveria um martelo na mochila ou equipamentos de escalar, ou apenas trajes e rapadura? Se ele não vencer a parede, o obstáculo que se apresenta em sua caminhada, não chegará a lugar algum e deixará de crescer, de aumentar ser tamanho (interno) para transpor demais desafios, os quais sempre maiores. 


Se ele tangenciasse seu olhar, veria que pela frente há apenas um muro a ser vencido, talvez até visse as escadas "O Escadão a poucos metros dali, mas ficou com a dificuldade minando sua energia, drenando o seu tamanho. O tempo cuidou que o fundisse com os tijolos (estado atual de deteriorização do desenho). Enfim, a ação do tempo concluiu a obra, venceu o herói e o artista. Um final tão trágico quanto o reservado aos heróis mitológicos. 

Em conclusão, o artista poderia ter desenhado o herói do tema subindo o "escadão" pelo de acesso de patamares, ou pelo lado do "escadão" propriamente dito. Ao alcançar o topo teria um castelo - um prédio secular aonde hoje está instalado a Pinacoteca. Libertaria a princesa presa numa vitrine, digamos: num quadro em exposição. Já casado com ela, o herói que venceu a si mesmo estaria retratado na sacada do castelo. Seus olhos estavam postos no infinito, ou até aonde pudesse mirar no longínquo, e olha que não faltava muro para isto.

Jairo Ramos Toffanetto

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Weather Report - Birdland

Weather Report foi uma das bandas de jazz fusion mais importante do séc. XX. Formada por Joe Zawinul (teclados) -  Wayne Shorter (sax) - Jaco Pastorius (guitarra) - Peter Erskine (bateria). Para mim, esta apresentação ao vivo é uma curiosidade, pois a gravação original, em vinil, tem uma sonoridade perfeita.


Capa do álbum 'Heavy Weather com a faixa Birdland

Eu Sou o Sol

Céu às l07:03 h de hoje
De manhãzinha, sempre procuro pelo nascer do sol ao subir pro terraço de casa. Como no verão ele nasce por trás das edificações, fico só com o céu no meu campo de visão - todo o céu. A visão que tenho é de trezentos e sessenta graus. A minha cabeça gira como um periscópio, mas logo me fixo nalguma panorâmica que o sentir me insta e nela fico a me consubstanciar do belo. Carrego-o pelas primeiras horas do dia e procuro irradiá-lo nos ambientes por onde vou.

Ainda no terraço, não é difícil imaginar que grande leva de gente está em salas escuras com a televisão ligada. Entro nestas salas com o céu azul que está sobre o teto delas. Irradio-o de dentro prá fora. As cores se homogenizam com o que passa a ocorrer nas casas de todo o planeta, algo como uma oração de fé para um mundo bem melhor, afinal, como é possível viver sem a cor da harmonia? 

Sem a Harmonia Cósmica é mais parecido com morrer.

Eu quero a Vida, a alegria. Eu não quero a morte não.


Jairo Ramos Toffanetto

domingo, 25 de dezembro de 2011

Pãezinhos de Natal (conto)


O dono da padaria estava nervoso. Era a segunda vez na semana que ele e o Ninho, o entregador de pão, davam fé da falta de alguns deles.

Tão logo os pães eram assados, e antes mesmo de abrir a padaria, um cesto deles era deixado na calçada ao lado dos litros de leite. Ainda no escuro da madrugada, o Ninho passava com uma perua Kombi e os recolhia. Era no final da entrega que ele percebia a falta de três a cinco pães. Ele achava que o Portuga não os contava direito, e o outro dizia que durante anos ele nunca errara na conta dos clientes.

Era véspera de Natal. Conforme combinado com o dono da padaria, neste dia ele passaria mais cedo para terminar logo a entrega e se ver livre para seguir viagem ao interior do estado.

Estacionou a perua Kombi dois quarteirões antes da padaria e foi para lá ficar de tocaia na esperança de surpreender um possível ladrão de pães.
Caminhava pensando que sempre odiara os ladrões de galinha, e agora, também os de pães, pois julgava que eram coisas que se alguém estava desesperadamente precisando era só pedir. Entendia que ninguém deixaria de dar o que comer a que estivesse com fome. “Roubos destes eram coisa de sem-vergonha”, pensava ele.

Ao virar a esquina ele se surpreende com um pequeno menino se afastando com os braços cheios de pão contra o peito. Atônito, exclamou num sussurro:

- É só uma criança!

Vai ao seu encalço e, sem fazer barulho, dá-lhe voz de comando a três passos de distância:

- Páre aí, menino. Deixa-me ver o que você está carregando.

O menino ameaça correr, mas um pão cai ao chão, e para não derrubar mais outro, ele fica esperando o seu executor. O Ninho percebe isto, e alivia sua raiva. Passa à frente do menino e ao olhar para ele exclama:

- Você?

O menino era tão pequenino e branquinho que mais parecia um ratinho solto na rua. Não dava pra ele ficar em casa com o pai porque vivia tomando uns tabefes dele. Desde sua última surra com o cabo do ferro elétrico, ele ficava dias na rua sem voltar para casa, e nunca conseguiu entender o porque seu pai fazia isto com ele. A vizinhança queria dar parte do seu pai, mas o menino se colocava contra.

Sempre havia alguém que o chamava para entrar. Ia direto para o chuveiro, e já de roupas limpas, sentava-se à mesa para comer.

Quando voltava para casa ele corria abraçar o pai. Este o abraçava de modo esquivo, e nada lhe dizia. Uma só vez o pai lhe perguntou se ele estava indo à escola, mas não lhe disse uma única palavra ao ouvir que o filho quase não freqüentava as aulas.

O Ninho era um dos vizinhos do bairro que já o havia abrigado em sua casa. Com todos os filhos já casados, ele e a mulher certa vez pensaram em dar parte na polícia e tomar a guarda da criança se fosse preciso, mas era uma situação delicada, afinal, por pior que fosse para o menino junto do pai, ele tinha uma casa para morar.

Olhando para o menino e pensando nisto tudo, disse para ele:

- Pelo que sei você estuda à tarde, não é mesmo?

- Estudo, respondeu o menino com voz esganiçada.

- Então a partir de agora você me ajuda na entrega com a Kombi. Vai receber um dinheiro por isto, assim você nunca mais vai precisar roubar pão. Espere-me aqui que vou pegar os cinco pães faltantes do cesto.

Ao término da jornada, o Ninho o levou para sua casa. Pediu à mulher a vasilha mais bonita que tinha e a encheu com pães, panetone, frutas de natal e um litro de leite. Ao entregá-la pro menino, disse-lhe com carinho:

- Olha menino, isto aqui é para você levar pra sua casa. Tenha um feliz natal.

Mostrando-lhe um envelope, recomendou-lhe:

- Não abra esta cartinha. Entregue-a para seu pai, entendeu?

Quando o pai a leu começou chorar.

- Pai, porque o senhor está chorando?

- Vem cá, meu filho. Deixe-me abraçá-lo.

Depois do abraço o pai lhe disse:

- Não mexa nessa cesta que você ganhou. Com ela vamos fazer uma mesa de natal bem bonita, do jeitinho que sua mãe fazia quando era viva. Aliás, você já fez seu pedido para o Papai Noel?

O menino chorou e não conseguiu responder. O pai o abraçou e chorou junto com ele.

No dia de Natal, logo pela manhãzinha, a vizinhança viu aquele pai brincando de bola na rua com seu filho. Era uma bola de capotão, novinha novinha. Aquela travessa de Natal nunca mais saiu do centro da mesa deles. ta: Qualquer semelhanç com história da vida real é pura verdade.

Jairo Ramos Toffanetto

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

ZZ TOP - La Grange

(Faixa do disco de 1973 "Tres Hombres")
ZZ Top é uma banda de blues rock norte-americana. Em janeiro de 1971 o ZZ Top lançou o primeiro álbum "ZZ Top's First Album

O cupê Eliminator fez sua estréia na MTV como clipe de "Gimme All 'Your Lovin" há quase 25 anos. Enquanto muitas bandas que vieram dos anos setenta tinham dificuldade em fazer a transição para o vídeo, ZZ Top já dominava a nova mídia com talento e humor.

Em 1984, a empresa Gillette ofereceu a Gibbons e Hill 1 milhão de dólares, para que eles aparecessem sem barbas em um comercial mas eles recusaram, dizendo: "Ficamos muito feios sem elas." ZZ Top é a única banda com mais de 40 anos a ter todos os membros da banda original tocando juntos.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

O fim do mundo - Aonde é ?




Da invenção da roda pelos sumérios aos aviões no céu e carros na terra, o homem desenvolveu um compulsivo amor pelo poder. Hoje, os que se julgam "os donos do mundo" estão por todo canto. A maioria adora ser invejada. É sem fim a horda de seguidores atraídos pela luz da ribalta, e mesmo com um dólar furado no bolso, fazem de tudo para estrelar nem que seja numa nesga deste sonho. Tonteiam como mariposas, e enchem a barriga dos sapos do brejo, os reis do charco escuro. Eis o porquê da humanidade sempre ter vivido no fim do mundo, e isto é só o começo. É o fim do mundo até então conhecido.
Jairo Ramos Toffanetto

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Caruncho carungente. A carunchopatia


Imagem extraída da Internet

Aberto um buraco no feijão, o caruncho só sai dele depois de comer a polpa até se fartar. Certamente é quando ele procria, quando se dissemina e, logo depois, volta perfurar novo feijão. Passam a vida assim: de feijão em feijão. Quando encontrados, eles são misturados aos feijões rejeitados pela escolha e, juntos, vão para a lata do lixo. Muitos são esmagados com as costas da unha do polegar. “TEC” é o som deles estourando contra o tampo da mesa.

Você já foi atacado por um caruncho de gente? Classificados elegantemente como “sociopatas”, eles são confundidos com as pessoas normais mas... preste atenção que logo a verdadeira imagem deles vai se delineando. Como não somos feijão, podemos nos afastar destes monstrengos, mas primeiro é preciso aprender a vê-los (já tem algumas literaturas a respeito). Só quem os reconhecem é que podem empurrá-los para o lixo, ou... “TEC”, e que me perdoe a “sociedade protetora dos carunchos”. Eles tem o direito de ser o que são, mas não para saírem por aí atrás de gente para nelas se instalar e comerem até o âmago. Feijões e feijãozinhos devem ser protegidos e seus direitos preservados, pois merecem um destino mais nobre do que ficar à mercê de praga: a carunchopatia.

Foto tirada por J.R.Toffanetto
Não adianta por um espelho na frente do caruncho porque eles não o reconhecem. A escolha de ser um caruncho de gente nem Freud explica. O fato é que o feijão tem um só olho, uma visão única, e o caruncho o ataca pelo lado cego. Enquanto os feijões não evoluírem para um par de olhos, os “carungentes” continuarão cumprindo sua função útil.

- Olha o caruncho aí, gente.

Jairo Ramos Toffanetto

domingo, 18 de dezembro de 2011

Cesária Évora - "Sodade" (Live) - Marisa Monte e Cesaria Évora "É Doce Morrer no Mar"

Cesária Évora, "a diva dos pés descalços"
faleceu ontem, 17.12.2011, aos setenta anos de idade. Foi a cantora de maior reconhecimento internacional de toda história da música popular cabo-verdana, e foi bem sucedida em diversos géneros musicais.

Em 2004, ao vivo em Paris. "Sodade" é uma composição
de Armando Zeferino Soares



Composição de Dorival Caymmi

A linda bandeira de Cabo Verde - nação irmã do Brasil.


Cores no céu azul


Foto em 17.12.2011, na Av. dos Ferroviários.

Não é a primeira vez que vejo estas cores em pleno céu azul, e sempre à altura dos cirros. Alguém pode me explicar?

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Viva as corujas

Andando à noite pelas ruas iluminadas da cidade, deparei-me com uma área livre para o escuro da noite. Caminhando e me consubstanciando daquele oásis, cheguei próximo à margem do Rio Guapeva e ali fiquei à espera de algum incidente que me abrisse algum sentimento novo, algo a compreender a noite escura. Subitamente, eis que uma ave enorme, distando uns quatro metros de mim, passa voando à minha altura e segue percorrendo a sinuosidade do rio. Uma cena forte, impressionante, excepcional. Um vôo dominante. Uma criatura da noite oculta. Um corujão.

Uma araucária Araucaria angustifolia rivalizando a altura dos prédios ao fundo.

Ainda que eu pudesse ficar esperando a volta daquela ave noturna pelo tempo que fosse, senti que nada mais tinha a fazer senão carregar o sentimento que se imprimira em meu peito. Não se ouvia nenhum grilo contador de estrelas, um coaxar de rã, não havia nenhum pirilampo, todos eles esmagados pela cidade grande. Talvez pela falta deles - o vazio - foi o que me permitiu abrir os sentidos para uma emoção tão intensa como foi. O corujão ainda voa por aquele rio dentro de mim. Eu voltaria à luz do dia para estrear minha nova máquina fotográfica esquecida na cinta.  


Pela manhã, de máquina em punho, aproximava-me daquele local sentindo a cidade muito densa, extressada, exausta de seus quase quatrocentos anos de vida. Seria a falta do brilho do sol? Suas construções se apresentavam insólitas, esmagadoras, excepcionalmente cruenta para a vida nativa, oponente ao despredimento do lúdico, à vida hilariante. Este sentimento me remeteu ao vôo da coruja. Peguntei-me: O que ela caçava? Ratos?

Em alcance daquele lugar qual sonho noturno, sentia o trânsito da avenida Dr. Cavalcanti passando pesado, ruidoso, temerário. Tantos carros e ônibus rodando, rondando, ruidando... iam atrás do que, ratos? Fiquei a olhar as pessoas passando apressadas. Elas tinham - mesmo - aonde ir? Os rostos imóveis, olhos fixos, muitos deles voltados para o chão. O que caçavam? Ratos?


Cheguei e fui avançando para a margem o rio. Já nos primeiros passos, um joão-de-barro assentou vôo no chão. Reparei que ali haviam tico-ticos, pássaros preto, pardais e outros mais. Cantavam soando alegria, entusiasmo pelo dia, o estado de graça, a delicadeza da vida. Um osásis no meio da selva de blocos e concreto armado. Um templo sagrado. A vida sagrada.

João-de-barro
Olhei para o novos espigões (primeira foto acima) em construção no bairro vilarense. Ficaram bonitos na foto, entrementes, avultavam-se extremamente assustadores. Novas necessidades das gentes só farão abreviar o tempo daquele templo silvestre. Logo os tratores virão passando por cima daquilo tudo, as margens do rio serão cobertas de piche, e o lençol fluvial trocado por um cimentão tumular para escorrer o rio numa calha de esgoto.

E os passarinhos? Oras os passarinhos... Eles que vão cantar noutro lugar. O mundo é da formiga, da gente saúva. Queremos as cigarras voando pra longe daqui, aliás, temos horripilência dessas coisas brejeiras. É o que diz o homem com voz de britadeira e hálito de monóxido de carbono, os guardiões da razão, os papa-defuntos, os faltantes da vergonha. E parafraseando a letra da canção de Milton "Queremos a morte, não queremos a vida não".
  
Observe a portinha. Existem várias delas sob a horizontal verde. São porões que restaram da demolição do antigo "Lacticínios Jundiaí". Inúmeras famílias se abrigam ali cheirando o rio, outras também cheiram cola de sapateiro.
Mas... o que é que estamos fazendo com nós? Estrelando como personagens de uma ficção de extremo terror? Somos mais temerários do que nos mete medo. O que somos, a prefiguração da morte? Nossas canetas são cajados, nossos lápis são punhais, adagas, espadas, e nossas mentes um lixo.

Coitado do Rio Guapeva. Coitado deste homem sem íris, sem pupila, sem cílios nas pálpebras. Olho branco, olho vidrado por dinheiro e poder. É o fim do mundo (puro, em grego), é o "afim do imundo". Quanto a mim, não sou sectário desta porcaria que aí está. Viva as corujas, viva o mundo, viva o chico barrigudo.

Jairo Ramos Toffanetto

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

MARLOS NOBRE, Convergencias, Eleazar de Carvalho, conductor

Força de expressão musical tão grande quanto o Brasil. (J/RT)


Convergencias by Marlos Nobre recorded by the great Brazilian conductor Eleazar de Carvalho with the Symphony Orchestra of Paraíba, Brazil, in 1988, label Delos DE 1017.

Vania Bastos - Noite de paz (Dolores Duran)


Música e letra de extrema poética, e com a interpretação
de Vânia Bastos se torna ainda mais especial. Um primor.

Outras postagens com Vânia Bastos:
Cidade Ocultas
Vânia Bastos, Eduardo Gudin e Hermeto Paschoal
Paulista:


quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Ilusão é viver sem Poesia.


Se aqui estamos é por causa da Poesia, maior do que todos nós. Fazemos parte de um grande ideal. Mas se alguém ainda é pedra, olhe para o musgo preenchendo suas fendas úmidas, pois comece a aprender com ele, com as ramas em redor, o chão, as folhas secas, a  relva. Há um mundo colorido lá fora. Talvez seu coração de pedra seja de constituição translúcida à espera da luz passar por ela e seguir seu caminho até os confins do cosmo. Dê-se por feliz, afinal, quantas pedras ainda estão debaixo do terra, outras na boca do vulção à espera de ele tossir, em um estilingue, ou paralelepípedamente mais evoluidinhas? Enfim, ainda é tempo de trabalhar a pedra.

Jairo Ramos Toffanetto

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Cartola interpretado por Alcione - O Sol Nascerá (A Sorrir)



Outra postagem com composição de Cartola com Carlos Cachaça:
Cartola (Corra e Olhe o Céu):

Zé Ramalho (Avôhai - Eternas Ondas -



O tempo passa e as coisas boas, as mais caras, ficam.
Bom que Zé Ramalho continua a compor lindas melodias,
sempre especiais e  poeticamente inspiradas.


domingo, 11 de dezembro de 2011

sábado, 10 de dezembro de 2011

Pietà - É tempo de dizer

Foi a partir de um intenso desejo de expressão do belo que Michelangelo criou um estado no qual, diante de um bloco de mármore, pôde ver (sentir) a Pietá. Fiel ao sentir em ação do inominável integrado a si, esculpiu-a para além da terrena dor ainda humana. 

A Pietà na basílica de São Pedro
O que está no regaço de Maria não é o Cristo, o homem, daí o seu tamanho menor porque imensurável aos nossos olhos, e não do dizer, como querem alguns, de que ele é o seu filho, ou ela, a mãe de Deus. Ela, maior que a passageira humana, integrada em Cristo.  

Não há dor nas expressões faciais de ambos. Ela e Cristo em beleza, em estado de compreenção a nós, de um respeito ainda a ser alcançado, um dia, quem sabe, para além do humano. Está para além do plano do olhar, do sentir comum. Está, para além da estreita forma tridimensional, a Razão Maior, a Presença Infinita.  

A Pietà nos proporciona o sentir com os olhos do Criador e, assim, juntarmo-nos aos três, ainda que num vislumbre. Eis o espírito da criação divina que passou por Michelangelo, e que ele pôde, através do seu fazer artístico, dar a forma que pudéssemos alcançar para além dos dogmas. 


Enfim, Michelangelo retrata o belo visto a partir da origem de tudo, o Todo. Para vê-lo (sentí-lo) é preciso tangenciar o olhar comum. É preciso abrir o olho do sentir, a Divina Piedade.

Jairo Ramos Toffanetto

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Amelinha - Foi Deus quem fez voce

"Foi Deus Quem Fez Você"
Composição de Zé Remalho

Foi Deus que fez o céu,
O rancho das estrelas.
Fez também o seresteiro
Para conversar com elas.
Fez a lua que prateia
Minha estrada de sorrisos
E a serpente que expulsou
Mais de um milhão do paraíso.
Foi Deus quem fez você;
Foi Deus que fez o amor;
Fez nascer a eternidade
Num momento de carinho.
Fez até o anonimato
Dos afetos escondidos
E a saudade dos amores
Que já foram destruídos.
Foi Deus!
Foi Deus que fez o vento
Que sopra os teus cabelos;
Foi Deus quem fez o orvalho
Que molha o teu olhar. Teu olhar...
Foi Deus que fez as noites
E o violão planjente;
Foi Deus que fez a gente
Somente para amar. Só para amar...

O belo não se ocupa do tempo-espaço

Porque é eterno,
o belo não se ocupa de tempo-espaço, tangencia-o.
Tudo que há para nós é dar fluxo à delicadeza,
dominar o que nos domina,
moldar a pedra bruta.

Jairo Ramos Toffanetto

Da chuva mansa

A pingadeira me conta da chuva mansa.
Fico colado à mulher amada,
nos seus olhos contando-me do amor.

Jairo Ramos Toffanetto

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Murilo Mendes (Canção do Exílio e Aquarela)

 
Gosto do olho nu de Murilo em correspondência direta
com o seu fazer artístico literário. Sentimentos à flor da
pele encontram notória e invulgar expressão poética.
Eis um poeta até o último fio de cabelo. Sou tão fã de
Murilo Mendes quadro de Ismael Nery (pintor, filósofo
e poeta) outro caso distinto em nossas artes plásticas.



Murilo Mendes (1901-1975)
retratado por Ismael Nery


CANÇÃO DO EXÍLIO

Minha terra tem macieiras da Califórnia
onde cantam gaturamos de Veneza.
Os poetas da minha terra
são pretos que vivem em torres de ametista,
os sargentos do exército são monistas, cubistas,
os filósofos são polacos vendendo a prestações.
A gente não pode dormir
com os oradores e os pernilongos.
Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda.
Eu morro sufocado
em terra estrangeira.
Nossas flores são mais bonitas
nossas frutas mais gostosas
mas custam cem mil réis a dúzia.
Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade
e ouvir um sabiá com certidão de idade!



AQUARELA

Mulheres sólidas passeiam no jardim molhado de chuva,
o mundo parece que nasceu agora,
mulheres grandes, de coxas largas, de ancas largas,
talhadas para se unirem a homens fortes.
A montanha lavada inaugura toaletes novas
pra namorar o sol, garotos jogam bola.
A baía arfa, esperando repórteres...
Homens distraídos atropelam automóveis,
acácias enfiam chalés pensativos pra dentro das ruas,
meninas de seios estourando esperam o namorado na janela,
estão vestidas só com uma blusa, cabelos lustrosos
saídos do banho e pensam longamente na forma
do vestido de noiva: que pena não ter decote!
Arrastarão solenemente a cauda do vestido
até a alcova toda azul, que finura!
A noite grande encherá o espaço
e os corpos decotados se multiplicarão em outros.


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sobre alguns poemas do nosso poeta::
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