sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

(Parte 2) Intervenção Performática na Avenida Paulista


Grupo de teatro somado a voluntários compraram dois quilos de argila cada um e esparramaram pelo corpo. Ao contrário dos característicos passos largos do paulistano comum, eles andavam lentamente, um passo de cada vez, como a carregar o peso da existência, o peso da vida, do mundo..


Os olhos vendados permitiam enchergar. O ver atravé de um véu, mas sugeriam gente de barro barro. Barro de moldar. Massa úmida pronta pra germinar semente. Broto novo. Vida aonde não havia vida, nenhuma possibilidade dela. Ou eram egressos da selva de cimento e barro arranhando os céus?


O que eles eram? Moldes de barro à espera do sopro divino ou encaminhando-se pro forno de secagem rápida? Vomitados em série da poderosa engrenagem? Caricaturas móveis? Desenterrados vivos? Desterrados comedores de terrra? Deuses do Olimpo? Fugitivos de Hades?
 



O
que havia em suas maletas 007, pastas, mochilas, bolsas e sacolas? Idéias semente? Planos de barro e cimento? Imaginações da felicidade? Espectros arcabouços? Pares de asas?
 
O que eles eram? Obras de arte inacabadas, feitas de barro, do lodo, ou apenas o que se grudou neles?
 
 
Ou eram, assim como vaso de barro, meros receptáculos que recebem o conteúdo que mandar, todo o conteúdo?

 
Ops! Livraram-se do peso imposto.
 


Todos fizeram o mesmo. Um protesto?  Estava no script? Não acreditei nisto, pois não me pareciam com cérebro. Bem, neste momento eu corri para fotografar o que o que havia grudado nos vidros da entrada do Banco Central do Brasil.

 
Bem que esta comparativa entre os três últimos presidentes do Brasil e a "presidenta" Dilma poderia caber enquanto reflexão para nossa nação.
 
 
Mas voltaram a pegar seus penduricalhos cheios de vento. Ops! na foto do centro, uma das destinadas à ceramificação revelou que por dentro a polpa é doce. Eu esperava que eles se livrasem de suas indumentárias sujas e ficassem só com a roupa de baixo, em nudez. 
 
 
Mas eles não conseguiram se livrar do que são. Tirar a casca é só para os corajosos, os heróis românticos ou santos.
 
 
Ninguém ali era candidato à canonização.
 
 
Passaram reto pela porta de entrada mas... fazer o que lá dentro. O saldo é sempre negativo.
 
 
Entrariam pela porta dos fundos ou por uma outra, a de funcionários?

 
Já não esperava que fizessem coisa alguma. Ficariam ali, só olhando.
 


Mas fizeram muito. Chegaram ao seu deus. Creio até que no silêncio tumular faziam alguma oração de excomungados:
 
"Oh sacrílega Casa da Moeda, olhai por nós devedores, agora, na hora de nossa morte, pois só nos resta comer pão com terra, o pão que você amassou, sovou, bateu, e com ele nos imolou. Mas... seja feita sua vontade pois já não temos nenhuma. Vivemos o inferno de cada dia, desde sempre, mas não nos deixeis virar cerâmica, e muito menos a pocelanizada com desenhos da belle époque, pois no fim das contas somos seres reais, apenas criaturas de carne e osso".
 
Jairo Ramos Toffanetto

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