Garoto
Vladimir Maiakovski
Fui agraciado com o amor sem limites. Mas, quando garoto, a gente
preocupada trabalhava e eu escapava para as margens do rio Rion e vagava sem
fazer nada. Aborrecia-se minha mãe: "Garoto danado!" Meu pai me
ameaçava com o cinturão. Mas eu, com três rublos falsos, jogava com os soldados
sob os muros. Sem o peso da camisa, sem o peso das botas, de costas ou de
barriga no chão, torrava-me ao sol de Kutaís até sentir pontadas no coração. O
sol assombrava: "Daquele tamaninho e com um tal coração! Vai partir-lhe a
espinha! Como, será que cabem nesse tico de gente o rio, o coração, eu e cem
quilômetros de montanhas?"
Romança
Vladimir Maiakovski
Um menino avança, a vista fixa no ocaso
Era o caso de um amarelo insuperável.
Até a neve do posto Tver amarelava.
Ninguém por perto e o menino segue.
Num ato, da ação
arreda o passo.
Na mão
da seda -
o aço.
O por do sol olha por uma hora
a renda que atrás dele se enredara.
A neve crispante roia as rótulas.
Por quê?
Para quê?
Para quem?
Vento ladro - o garoto era checado.
O bilhete passa seu direito ao vento
que pára pra ligar do parque Pedro:
- Adeus...
Tudo acabado....
Que
ninguém seja culpado...
Vladimir Vladimirovitch Mayakovsky - Влади́мир Влади́мирович Маяко́вский (1893-1930). Poeta, dramaturgo e teórico russo, frequentemente citado como um dos maiores poetas do século XX. Tem exercido influência profunda em todo o desenvolvimento da poesia russa moderna, bem como sobre outros poetas e movimentos no mundo inteiro, como Hamid Olimjon, Bazim Hikmet, Hedwig Gorski e Caetano Veloso.
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