sábado, 11 de abril de 2015

Janela que nunca mais se abrirá (1)


                                                                  FotoJRToffanetto

A vocação da cidade é abri-se por espaços inesperados. Quando isto ocorre, você que andava por alguma rua apática, de repente uma surpresa se avulta diante de ti. O cérebro já abre memórias comparativas mas logo se aquieta e sua mente voa. Seu sentir aguça-se, expande-se. A cidade, fora suas mazelas, é você, um pertence indissociável tanto quanto o céu. A sua (su-a) cidade é nave. Mas não se iluda, no alto dos prédios não há uma abóbada e muito menos um campanário, a menos que você more na cobertura. Mas, convenhamos, uma cobertura só para você. A torre de marfim é estéril, nela não há o gosto do cheiro das ruas, seja o das gorduras vencidas de barzinhos e restaurantes mequetrefes, das mulheres e seus perfumes empanturrados de doce - prefiro o de sabonete, e o até o cheiro de gases intestinais do Rio Guapeva. (JRToffanetto)

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