sábado, 3 de dezembro de 2016

Pintando poemas em muro

Em muro escrever, pintar  haicais de Guilherme de Almeida, poemas de Mário Quintana, e até um dos meus – A Princesa Moura ou Bem-Me-Quer (ver abaixo), foi um ponto de realização, a de se colocar como instrumento a serviço de uma causa maior e para todo o Universo, e que agora compartilho com os amigos deste meu blog “Poemas de Sol”. Foi em uma escola aqui de Jundiaí, de primeira à oitava série, no pátio de recreio. Dna. Floripes, minha mãe, na foto.



“A Princesa Moura
ou Bem-me-quer”

Dedicado a Rubem Alves

A festa acabou
pois saibam vocês
ficaram crianças e doces
a brincadeira começou

apareceram os cavalinhos
do cabo da vassoura
com eles subiram ao mezanino
salvar a princesa moura

as meninas se foram de partida
com a moura personificada numa flor escondida
uma rosa artificial, feita de pano, artesanal
na boca de um dragão infernal

velho fogão a lenha no rancho abandonado
resistiu como pôde, o coitado
a princesa foi salva, bravamente
o dragão cedeu, para não perder o dente

toda suja de fuligem a rosa ficou
dragão e guerreiros lutaram por ela
mágica que “de verdade” a transformou
mas os meninos nada sabiam dela

rosa é coisa de menina, disseram
e das mãos de um guerreiro valente
no escuro da noite a lançaram
com seu doce olor presente

do último suspiro só soube a lua
morreu a rosa maga sozinha na rua
e dela se levantou a mais linda
princesa moura que vive ainda

esperando que outros bravos
talvez um galã de casaca e cravos
lute por uma terna rosa,
mesmo de pano qualquer
feita de bem-me-quer.

Jairo Ramos Toffanetto
Março de 2000, Jundiaí/SP

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