terça-feira, 1 de setembro de 2020

Sonhar para dormir _JRToffanetto

Sonhar para dormir

Para o mundo dos sonhos 

a tarde invernal cai dourada

Lua prata soergue noite

à Via Láctea acima do teto

Sereno, o homem já podia mais amar mas

Recolhe-se à lufada de sopro gelado.

Deixa de sonhar, larga-se na cama.

Ausente de si, sob cobertores,

açambarcado por pré-ocupações,

Quis a primavera, depois o verão

Vento polar veneziana adentro acorda-o

Pés descobertos, gelados até os ossos.

Pela manhã comprou mais um cobertor, 

luvas, pantufa, gorro e meias de lã. 

Mas

O sono não vem, rola-o na cama.

Chorosos cães lunáticos,

noite  de vozerio tormentoso, 

Sonharia esquecido do clima, do sono, 

do vintém de paz? Reaprenderia que o tempo

jamais sobreleva-se ao sentimento do eterno?

Como menino, sonharia desde a aurora,

com afinco materializaria a aurora no dia Luz?

Acima do seu teto andava pelas ruas da cidade

Em ronco ansioso dos veículos,

o canto de entidades canoras aqui e ali

não mais o deixavam esquecer-se.

Em todas as coisas, nele, a linguagem do silêncio.

Falava pouco e vivia mais.

JRToffanetto

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