Sonhar para dormir
Para o mundo dos sonhos
a tarde invernal cai dourada
Lua prata soergue noite
à Via Láctea acima do teto
Sereno, o homem já podia mais amar mas
Recolhe-se à lufada de sopro gelado.
Deixa de sonhar, larga-se na cama.
Ausente de si, sob cobertores,
açambarcado por pré-ocupações,
Quis a primavera, depois o verão
Vento polar veneziana adentro acorda-o
Pés descobertos, gelados até os ossos.
Pela manhã comprou mais um cobertor,
luvas, pantufa, gorro e meias de lã.
Mas
O sono não vem, rola-o na cama.
Chorosos cães lunáticos,
noite de vozerio tormentoso,
Sonharia esquecido do clima, do sono,
do vintém de paz? Reaprenderia que o tempo
jamais sobreleva-se ao sentimento do eterno?
Como menino, sonharia desde a aurora,
com afinco materializaria a aurora no dia Luz?
Acima do seu teto andava pelas ruas da cidade
Em ronco ansioso dos veículos,
o canto de entidades canoras aqui e ali
não mais o deixavam esquecer-se.
Em todas as coisas, nele, a linguagem do silêncio.
Falava pouco e vivia mais.
JRToffanetto
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