sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Egberto Gismonti - Prelúdio das Bachianas do Villa


Acordei com o sintetizador + piano de Egberto Gismonti na faixa "Prelúdio" do disco Trem Caipira. Não é a primeira vez que isto ocorre e que vou para o YouTube tentando puchá-lo para o meu blog e não consigo, talvez porque hajam pouquíssimas visualizações. Deixo o endereço para quem desejar com o Egberto experimentar a audição deste movimento da Bachiana n.o 4 de Villa-Lobos:
http://www.youtube.com/watch?v=Ax4JQfkW2Vk (Pita Filomena é o assoviador)

Segue nada menos que a Bachiana n.o 5:


Encarte com o Villa sobre a capa do LP do Egberto
Contra-capa do "Trem Caipira"

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Yes - Long Distance Runaround



 
 

Long distance runaround
Long time waiting to feel the sound
I still remember the dream there
I still remember the time you said goodbye
Did we really tell lies
Letting in the sunshine
Did we really count to one hundrer

Cold summer listening
Hot colour melting the anger to stone
I still remember the dream there
I still remember the time you said goodbye
Did we really tell lies
Letting in the sunshine
Did we really count to one hundred
(por Jon Anderson)

 

Na terra do céu


"O poeta tem pés de barro"
(Adélia Prado)

"Na terra do céu"
 
Oh! Adélia...
sem asas nas têmporas
o poeta com seus pés de barro
não andaria nas nuvens
fundindo céu e terra
com a linha do horizonte

Sua missão arte filosófica,
e o que o humaniza,
é integrar o barro ao céu,
se ao poeta-homem os céus,
para além dos cirros,
já são de terra
 
Somos pó das estrelas.
Barro é a união de pó a pó.
Pó que estava isolado, disperso,
agora umedecido
pelo sentimento do Eterno
em gênese criativa
 
A matéria prima do poeta,
para além do pó das estrelas,
é este sentimento úmido,
sem ele, antes que pés de barro,
terá pés de vento
desde os miolos.

Jairo Ramos Toffanetto
 

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Grilos e Pirilampos Haicais



 
 
Op. 422
 
Grilo salta pra ver
os versos que pirilampo alumia


Op. 423
 
Cai a tarde puxando as estrelas
para ouvir o grilo
 
 
Op. 424
 
Toda noite,
a cada estrídulo, 
grilos contando estrelas.
Perderam-se de uma.
 
 
Op. 425
 
Vaga-lumes guiam a volta dos grilos
que das estrelas se perderam
 
 
Op. 426
 
Grilo acerta o salto
no piscar do pirilampo
e sai vagando luz
 

© Jairo Ramos Toffanetto

Coração solar (Posologia da Aurora)


Poosooloogia da Aurora

Remédio apropriado para seres apáticos ou acinzentados, pois com cores próprias, não espectrais, ilumina recônditos assombreados e atua por afugentar estados de morbidez latente. Basta romper o lacre das janelas e girar os olhos para o leste. Não se preocupe com a tarja, pois é a barra clara do dia, eternamente alvissareira. Aconselhável não pensar em nada, apenas deixe os olhos bem abertos, pois enquanto eles correm do horizonte para a abóbada celeste, e desta para aquela, tais movimentos latitudinais vão apagando parasitas mentais assim como o contumaz distanciamento do belo. Carregue este remédio no coração para que ele, diante do seu entenebrecimento por contato com a realidade algoz, mande estes parasitas mentais para o intestino reto . Nenhum verme resiste vivo quando exposto à luz do coração solar, bastando apenas inicialiar(-se) com as luzes brandas de dose auroreal única. Contra indicado uso de óculos escuros ou contemplar a aurora através de vidros fumê.. Recomendado expor-se aos seus efeitos até ao nascer do sol em seu coração, e até que ele se eleve a dois dedos acima da linha do horizonte.

Tela de pintura e texto de JRTofanetto

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

A pedra mais leve do mundo


Se aqui estamos é por causa da Poesia, maior do que todos nós. Fazemos parte de um grande ideal. Mas se alguém ainda é pedra, olhe para o musgo preenchendo suas fendas úmidas, pois comece a aprender com ele, com as ramas em redor, o chão, as folhas secas, a relva. Há um mundo colorido lá fora.

                                                                                           Google Imagens

















Talvez, lá no âmago, seu coração seja translúcido. Abra-o, deixe a Poesia, a luz passar, passar e seguir seu caminho até os confins do cosmo. Tornar-se-á a pedra mais leve do mundo. Afinal, o que mais você fez desde que foi expelido da boca de um vulcão?

Jairo Ramos Toffanetto

domingo, 26 de agosto de 2012

Yuri - Óleo sobre tela (2009)


O Yuri N. Toffanetto, meu filho, criou uma tela. Meu olhar foi para várias telas dentro dela. O quadro final vem logo abaixo, os recortes por primeiro. Um fazer admirável e que merece ser visto e sentido. O mundo de todas as possibilidades.





































































































































O desenho que antecedeu a tela:


















Enfim, a tela do Yuri:


















No presente (2016), o Yuri cursa teatro na FAAP-SP, estuda violão erudito e guitarra blues. Hoje (2016), forma-se em música pela Facamp.

                                                                                     Yuri em julho/2012
















Jairo Ramos Toffanetto

Reflexões e poemas sobre o sol

(Do site em espanhol
http://www.fbu.org/site_espagnol/activi_dades/poemas.htm
arrisquei traduzir junto ao tradutor do Google, e pelo meu próprio viés. Também incluí algumas notas próprias.)

 

AKHENATON


Como é bela a tua aurora no horizonte do céu, ó vida. Aton, iniciador da vida ...

Quando você subir na borda do céu, ó radiante Aton Aton radiante Oh, ilumina o mundo! ... Homens acordando e se levantando... vendo o seu amanhecer... levantam seus braços em em venração à sua chegada ...

Enquanto você está longe, seus raios caem na Terra e os rostos de homens são refletidas.

Nota: Os rostos são reflexos em corpos não translúcidos (Enquanto você está longe...)

- PLATÃO

Mas Sócrates permaneceu ali, imóvel até o amanhecer, até o nascer do sol. Então ele saiu, tendo dirigido a sua oração ao Sol.

Nota: Sócrates ali ficou em meditação até à chegada do novo, até integrar-se à Luz. Orou a ação da Luz e, carregando-a (portando-a), foi para o dia comum a todos os homens.

- LEONARDO DA VINCI

Quisera encontrar palavras que me permitissem censurar os que cultuam homens e não o sol.

Nota: "...os que cultuam homens e não o sol", ou no que o sol possa representar como Luz Maior.

- VINCENT VAN GOGH

É um facto que, na vida, há uma luz a uma altura tão grande que parece natural não se poder alcançá-la. ... Se a luz é o símbolo do bem, do belo, do verdadeiro, a fonte definitiva de luz - o sol - pode ser Deus.

Nota: Van Gogh dizia sobre sua intimidade com o Sol.

- VICTOR HUGO

Eis a pureza divina da manhã ... Este prodigioso sol sorriso. Sol, flor de esplendores infinitos ...

Nota: Hugo e a essência do Belo

- CAMILLE FLAMMARION

Fonte de luz brilhante, calor, movimento de vida e beleza, o sol divino recebeu, ao longo dos séculos, atentas e agradecidas homenagens dos mortais. O profano o admira porque sente os efeitos do seu poder; o sábio o aprecia porque aprendeu reconhecer sua singular importância no sistema de vida no mundo. O artísta o saúda porque vê em seu explendor a causa das harmonias.

Nota: "a causa das harmonias", eu diria: a sincronia das harmonias

- HINO AO SOL (DOS  ÍNDIOS ZUNÍES)

Muito cedo na manhã,
nós acordamos.
Acordamos
quando a mãe de Deus-Sol nasce.
Saudação de alegria.
Ela nos recebe com um rosto radiante.
Ela nos recebe com um beijo quente.
Tão docemente, tão docemente ...
Ouça, só ouça!
De onde vem aqueles sons distante?
Ecos de onde a  luz abunda,
torrentes de cristais em suave e contínuo murmúrio.
Sementes de ouro do pensamento,
Sussurros silenciosos, indeléveis,
que nos llenan de alegría y de gozo, los senderos por los que el alma se eleva
que nos enchem de alegria e felicidade.
Caminhos por onde a alma se eleva.

Nota: Pesquisei e nada encontrei sobre os índio Zunies

OBS.: Quem tiver ou fizer uma tradução mais atenta, por gentileza, poste-a para mim em "comentários". Tudo é sujeito a reformulações.


 Jairo Ramos Toffanetto

Maggie Bell - Hold On

A noite é blues


Hold On, de Simon Kirke e Paul Kossof, da banda britânica "Free".
Com Maggie Bel: Guitar - Brian Breeze, Peter Wingfield e Roy Davies - Keyboard, Paul Francis - Drums, Delisle Harper - Bass


Suicide Sal, de Bell-London-Clifford-Trengove-Wingfield


Wishing Well (Yamauchi-Rogers-Kirke-Kossof-Bundrick) do "Free"
Jimmy Page (solo), Ray Glynn e Terry - Guitar



 

sábado, 25 de agosto de 2012

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

A vida é um altar de oferendas, é Luz

 




A poesia é luz que passa por você e segue adiante.

Dadivosa, ela sempre vem acompanhada de um presente, um dom para a vida.

Se a tua alma estiver quente e úmida do sentimento que dá sim para a vida, um trovão distante lhe anunciará o arco-íris.

Quando a alma está muito úmida, o arco celeste estará duplicado.

Todo arco-íris vem do além linha do horizonte.

Tudo é fenômeno, e o que não for é parecido com morte. Morte enquanto anti-vida.

A morte é um fenômeno e também é um presente, um dom para a vida. O tudo é sempre mais, infinitamente mais.

Quem tem medo da morte tem medo da vida.

Quem canta a vida passa pela morte cantando.

A Poesia vai passando e presentes são deixados para a vida.

O resultante do que se pôde integrar e transformar é o presente que você pode oferecer para a vida, uma retribuição à Luz.


Óleo sobre tela, 1980 - por Jairo R. Toffanetto


A vida é um altar para oferendas.

A arte é um sacerdócio da luz. O artista é seu instrumento, um cristal por onde a luz passa e segue adiante. Somos artistas da vida.

Sem conduta filosófica esta luz não passa.

Criatividade é todo estado poético filosófico.

O Caminho vem da Harmonia Cósmica. Viemos para pegar o Caminho de volta para a Luz, de volta para a casa do Pai.

Dar-se como Poesia é presente para a Luz que passa. Uma reverência em razão do quanto se pôde dela integrar.

Todos os que vivem na Luz são poetas.

Todo poeta é aprendiz do Jardineiro.

O poeta prepara a terra, o Jardineiro cuida da florescência.

O portão do jardim ainda está aberto. Se há um botão velado em você, o Jardineiro te leva até o portão. É preciso atravessá-lo.

Sem luz não há Poesia, ou apenas arremedos, versos inócuos.

O Belo é luz, a arte decorre.


Jairo Ramos Toffanetto

Alberto Ginastera: Cantata para América Mágica op.27 (1960)

Experimente este sentimento musical

Alberto Ginastera (1916-1983): Cantata para América Mágica, per soprano drammatico e orchestra di percussioni, su poesie di Marcedes de Toro da antichi testi precolombiani op.27 (1960) -- Rayanne Dupuis, soprano; Bugallo-Williams Paino Duo, Ensemble S e Schlagzeugensemble Köln diretti da Stefan Asbury --



I. Preludio y canto a la aurora
II. Nocturno y canto de amor
III. Canto para la partida de los guerreros
IV. Interludio fantástico
V. Canto de agonía y desolación
VI. Canto de la profecía

-- cover image by Mark Rothko

Alberto Evaristo Ginastera (1916 – 1983), Argentina.. Um dos compositores mais importantes da música clãssica latino americana.

De Ginastera, ouça também "Danzas Argentinas pt.1" e "Panambi" :
http://poemas-de-sol.blogspot.com.br/2011/10/alberto-ginastera-danzas-argentinas.html

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Poesia Luz


Poesia é Luz que passa e segue adiante até os confins do cosmo, e além dele. Ninguém pode contê-la. É ela quem acende a chama. Para a Luz passar é preciso estar em translucidez, manter acesa a chama, o corpo luminoso. Chama é pureza, estado de espírito sempiterno. O cosmo se ilumina a cada chama acesa. Querer aceso o círio do seu coração para que outro o queira também, e até que todo o planeta se ilumine da Poesia Luz, é trabalhar pelo Universo inteiro.

Jairo Ramos Toffanetto

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Chico Pinheiro - Música brasileira moderna

A música brasileira moderna e seu legítimo representante

 
Apresentação de Chico Pinheiro Quarteto na 5ª edição do Festival de Música Instrumental do ETAPA, realizado em 2011 em Valinhos/SP.



Chico Pinheiro & Group performing April Child by Moacir Santos.

Chico Pinheiro - Acoustic Guitar, Fabio Torres - Piano, Marcelo Mariano - Bass, Edu Ribeiro - Drums, Tati Parra - Voice

Do campanário, todas as estrelas se juntariam ao sol



Subi as escadas do terraço vendo o céu estrelado,  risonho. As estrelas mais brilhantes, o fundo mais negro, e a barra clara a escapar indelevelmente da pálpebra do dia. Algumas nuvens aonde o sol nasceria prometia formas e cores auroreais àquela manhã em despertar. A beleza do céu risonho adjacenciando-nos em luz, da luz as cores, a vida, a suave brisa. Todas as estrelas a se juntar ao primeiro raio de sol. 

Nenhum pássaro piava e meu coração cantava, vibrava, embalava-me em emoção. Num instantâneo um cometa riscou o céu com luz. Uma estrela caída a horizonte leste se levantaria.

Um pássaro cantou. Chamou meu olhar ao portal matutino. Outro e outro e outro pássaro cantavam beijando o nascimento do dia. O sino da igreja badalou seis vezes. Eu estava no terraço, no sacrário, no campanário, no horizonte leste. Estava em parto no altar da nave Mãe-Terra.

Uma locomotiva soou seu apito no pátio de manobras da ferrovia. Um ônibus pesado vinha do oeste às minhas costas. Luzes internas estavam acesas. Campo Limpo. Haviam poucas pessoas. Estavam chegando das estrelas, indo ao horizonte leste, prontinhos para abraçar o dia. Tomei um gole de ar e fui com eles até o sol levante. Oh, o arrebol. Depois desci do terraço e, após o café, fui fazer a barba. Cadê-a-minha-colônia? A Estrela Sol na face nua, fresquinha. Mais uma vez cerrei as pálpebras com o sol a dois dedos acima da linha do horizonte. Com ele desci o terraço. Mais tarde, em claridade vesperal, deixei-o a horizonte oeste.  

Às 06:17 h de hoje











Às 06:26 h de hoje
















Jairo Ramos Toffanetto

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Algumas frases de Nietzsche


 

Porque Nietzsche, o filósofo, era poeta por primeiro - o Friedrich -
o motivo de tanta reflexão e controvérsia sobre o seu pensamento.

 Friedrich Nietzsche


■“A boa memória é às vezes um obstáculo ao bom pensamento.”

■“A crueldade é um dos prazeres mais antigos da humanidade.”

 ■“A decisão cristã de considerar que o mundo é feio e mau fez ao mundo feio e mau.”

■“A guerra torna estúpido o vencedor e rancoroso o vencido.”

■“A maturidade do homem é ter voltado a encontrar a seriedade com que brincava quando era criança.”

■“A mulher compreende a criança melhor que o homem, mas o homem é mais criança que a mulher.”

■“A vantagem de ter má memória é que se ri muitas vezes das mesmas coisas.”

■“Bendito seja o que esquece, porque a ele pertence o paraíso.”

■“É necessário levar em si mesmo um caos, para pôr no mundo uma estrela dançante.”

■“Eu não sou um homem, sou um campo de batalha.”

■“Falando francamente, é preciso que nos encolerizemos as vezes para que as coisas fiquem bem.”

■“Há espíritos que enturvam suas águas para que pareçam profundas.”

■“Não posso crer num Deus que queira ser louvado o tempo todo.”

■“O absurdo de uma coisa não prova nada contra sua existência, é só mais uma condição dela.”

■“O grande estilo nasce quando o belo obtém a vitória sobre o enorme.”

■“O que me entristece não é que tenha mentido, senão que já nunca mais poderei confiar em você.”

■“O que se faz por amor sempre acontece para além do bem e do mau.”

■“O remorso é como a mordedura de um cão numa pedra: uma tolice.”

■“Os macacos são demasiado bons para que o homem possa descender deles.”

■“Quantos homens se precipitam para a luz, não para ver melhor senão para brilhar.”

■“Quem não enxerga bem sempre vê muito pouco; mas quem não ouve bem sempre acaba ouvindo demais.”

■“Se esmolas só fossem dadas por piedade, todos os mendigos teriam morrido de fome.”

■“Sem música a vida seria um erro.”

■“Todo hábito faz nossa mão mais engenhosa e nosso gênio mais torpe.”

■“Todo idealismo em frente à necessidade é um engano.”

■“Você esquece sua falta após ter confessado a outrem, mas normalmente o outro não a esquece.”

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

O poeta Manoel de Barros por Antonio Abujamra

Antônio Abujamra diretor de teatro e ator brasileiro. É conhecido pela irreverência de suas encenações e por seu humor crítico em relação a tabus ssciais. Comanda o programa Provocações, da TV Cultura, que vai ao ar desde 6 de agosto de 2000, e sempre o termina declamando um poema, como este de Manoel de Barros:
















Manoel de Barros:
A poesia está guardada nas palavras — é tudo que
eu sei. Meu fado é de não saber quase tudo.
Sobre o nada eu tenho profundidades.
Não tenho conexões com a realidade.
Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro.
Para mim poderoso é aquele que descobre as
insignificâncias (do mundo e as nossas).
Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil.
Fiquei emocionado e chorei.

Sou fraco para elogios."

Manoel Wenceslau Leite de Barros (Cuiabá, 19.12.1916). Poeta brasileiro do século XX, pertencente, cronologicamente, à Geração de 45, formalmente ao Modernismo brasileiro, da Poesia Pau-Brasil e da Antropofagia de Oswald de Andrade.

Nota: Enquanto ainda escrevia, Carlos Drummond de Andrade recusou o epíteto de maior poeta vivo do Brasil em favor de Manoel de Barros. Sua obra mais conhecida é o "Livro sobre Nada" de 1996.


Os rios começam a dormir pela orla,
vaga-lumes driblam a treva.
Meu olho ganhou dejetos,
vou nascendo do meu vazio,
só narro meus nascimentos.

Um pensamento de Jean-Jacques Rousseau


"O verdadeiro fundador da sociedade civil foi o primeiro que, tendo cercado um terreno, lembrou-se de dizer "Isto é meu", e encontrou pessoas suficientemente simples para acreditá-lo. Quantos crimes, guerras, assassínios, misérias e horrores não poupariam ao gênero humano aquele que, arrancando as estacas ou enchendo o fosso, tivesse gritado a seus semelhantes "Defendei-vos de ouvir esse impostor; estareis perdidos se esquecerdes que os frutos são de todos e que a terra não pertence a ninguém."

domingo, 19 de agosto de 2012

O Desenhista-Maior


Tenho memória de tantas auroras... os sentimentos que elas me dão... e, no desejo de compartilhá-los, algumas delas eu fotografo como pano de fundo. Às vezes acredito que algumas delas respiram assim como o que sinto.
. . .
Levanto-me, deixo a água esquentando para fazer café e subo ao terraço a para sentir a claridade sobre o que estava às escuras, o dia nascendo. 
. . .
Com as cores da aurora ou não, fico a mirar o horizonte leste desde a barra clara do dia. Gosto de ficar na emenda do sonho das estrelas com o sol. Deixo a energia das manhãzinhas me preencher. Carrego-me desta emenda para o resto do dia. 
. . .
Nos ambientes para onde eu for lhes irradio este estado auroreal da criação. Ponho o sol aonde estiver escuro, a aurora nas pessoas que andam de pálpebras abaixadas, a leveza da atmosfera matinal nos ambientes sufocantes, e nos ambientes mais alegres, integro-lhes a atmosfera da criação, os versos do Poeta Maior. Irradio o Mundo Bem Melhor no qual vivo em movimento. 
. . .
Depois de fazer o café voltei para o terraço à espera do nascer do sol. No céu sem nuvens que vira à pouco, surpreendi-me com um risco de luz auroreal no céu. O Desenhista Maior deixara um traço-Luz ascendente no éter, uma letra de Verso, o primeiro movimento de uma suíte para que continuássemos a composição. Quan-ta honra para todos nós, para todo o Dia-Luz, o Eterno Presente. 

Em 15/08/2012

Jairo Ramos Toffanetto

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Vitezslav Novak - Suite Eslovaca (Part 1)

 
 
 
Vítězslav Novák (1870-1949 : Czechoslovakia)

Slovak Suite for Small Orchestra, Op.32 (1903)

I. At Church (andante) (also listed as 'In the Church')

The Slovak Suite (1903), paints a series of genre scenes in which
sensitivity rather than the picturesque is the keynote.
'At Church' (andante) achieves a curious synthesis of Catholic
temperament (mystic strings, celestial harps) and Protestant
spirituality (hymn tunes and imperious interventions from organ)
From booklet notes

Royal Liverpool Philharmonic Orchestra (RLPO)
Libor Pešek, conductor

VC 5 45251 2
1997 © Virgin Classical Ltd
Recorded 1996 Philharmonic Hall, Liverpool, England




 
 

Vítězslav Novák, 1870 - 1949) foi um compositor do pós-romantismo checo. Aluno do também compositor Antonín Dvořák no conservatório de Praga.
 

Chet Baker - My Funny Valentine


Em 1987, Chet Baker esteve no Brasil para duas apresentações na primeira edição do Free Jazz Festival.

 


"My Funny Valentine" é uma canção do musical Babes in Arms (1937). Composta por Bobby Darin, Richard Rodgers e Lorenz Hart. Tornou-se um standard do jazz.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Desenhos-sementes...


Mito Tupi-Guarani

O Criador, cujo coração é o sol, tataravô desse sol que vemos, do sopro do seu cachimbo e sua fumaça desse se fez a Mãe Terra. Chamou sete anciãos lhes disse: criem ali uma humanidade.

Os anciãos navegaram em uma canoa que era como uma cobra de fogo pelo céu. Uma cobra-canoa que os levou até a Terra. Nela depositaram desenhos-sementes de tudo o que viria a existir, e depois de pronto eles criaram o primeiro ser humano lhe dizendo: você é o guardião da roça. Estava criado o homem. O primeiro homem desceu do céu através do arco-íris em que os anciãos se transformaram. Seu nome era Nhanderuvuçu, o nosso Pai Antepassado, o que viria a ser o sol. E logo os anciãos fizeram surgir as águas do grande rio Nanderykei-cy, a nossa Mãe Antepassada. Depois que eles geraram a humanidade, um se transformou no sol, e a outra, na Lua. São nossos tataravós.


Veja também Mitos e Lendas Brasileiras
http://mitosbrasileiro.blogspot.com.br/2009/03/panteao-tupi-guarani.html

Elis Regina - "Cais" e "Cabaré"


Composição de Milton Nascimento e Ronaldo Bastos

Composição de João Bosco e Aldir Blanc

terça-feira, 14 de agosto de 2012

O gole de caramanchão


Meu amigo Carleto tem o gosto das horas vagas em cultivo de hortas no terreno contíguo à sua casa. Orgulha-se em mostrar tudo o que planta, mas a menina de seus olhos são o alface roxo, uma raridade em feiras e mercados da cidade, e os caramanchões de maracujá e de machuchu (xuxú). Veja o de xuxú em foto que tirei em 2010:

Caramanchão de xuxu na postagem http://poemas-de-sol.blogspot.com.br/2010/09/sucesso-profissional-versus-sacrificio.html


Estes caramanchões são lugares ideais para se descansar na sombra e tomar água fresca quando na lida sob sol escaldante, ou para ficar sob ele e, no silêncio, esquecer as horas e de si mesmo. O dono da horta só convida alguém para ali se sentar quando seu olhar de matuto sente que o outro é amigo da pouca fala. Sob ele não se diz coisas, e se se conversa é porque a fala vem como a arrebentação dos brotos, sem que se perceba. Uma fala macia como a da polpa dos legumes, sem caroço, só sementes.


Clic na foto para ampliá-la

Semana passada voltei àquele caramanchão de xuxú. Surpreendi-me por vê-lo em nova formação. O Carleto nada dizia, apenas olhava para cima. Um espetáculo. Uma gavinha sai da haste e, como um fio solto no ar, aguarda o momento ideal para se prender enrolando-se sobre si mesmo. Quando saímos de lá, o céu, limpo das nuvens iniciais, era nosso pertence, e também as ruas, as casas, as cores do nosso chão. Acho que foi o gole de caramanchão.

Jairo Ramos Toffanetto 

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Dia dos Pais - Day After

Diz o out-door:
"Meu super-herói não usa capa nem máscara"

















Até que em fim um cartaz com uma frase pondo valores universais em relêvo. Valores levam as pessoas a terem seus próprios pensamentos e, com eles, o exercício da individuação.

O Multi-Modas Center deixa as costumeiras abordagens de consumo que se vê por toda parte e ópta, através de uma mensagem feliz, homenagear o Dia dos Pais com a dignidade que merece, e nada melhor do pela boca de uma filha.

Um gesto poético incomum, digno de destaque em nosso meio selvagem de publicidade que cria e fortalece comportamentos de gênero, cheios de futilidades e vazios de esperança, e mais, usando e abusando o gosto que as pessoas tem para se iludir.

Um dia o mundo todo será das pessoas de respeito, e só haverá espaço para o que cultive o Bem-Maior. Este dia já começou.

Jairo Ramos Toffanetto

domingo, 12 de agosto de 2012

Federal 'fora' da Caixa na vida sócio-econômica da pessoa física


Banco bom é o de sentar.
Caixa é a do engraxate.
Dinheiro com mais valor que gente,
não presta, é pobreza.

"Seja bem-vindo à..." disse-me a porta que fala estrídulamente e nada diz, mas travou minha passagem, e mais, ordenou que eu deixasse objetos metálicos numa certa caixinha.

Ninguém se sente melhor com este tipo de recepção, e quando a porta giratória trava, o sentimento desperto é o da repulsão. Repetidas vezes impedidos de entrar, muitos ficam com os nervos em frangalhos e logo soltam seus cachorros internos ladrando palavrões.

Do lado de dentro, um guarda parecendo-se tão esperto quanto a porta, apontava-me a caixinha com ar mandatário.

Você se parece um banido com uma segunda chance. Muitos se sentem embaraçados. O guarda acredita só no que pode ver e acha que todo mundo é  meio bobo.

A porta manda, o guarda manda, todo mundo manda. Mandam até no fundo do seu bolso. Puxam até sua última moeda e te dão um papel para você assinar em baixo. No fim, muitos ainda saem de lá dizendo um abnegado "muito obrigado".

Com uma máquina fotográfica presa na cinta por capa anti-choque, desafivelava o cinto para tirá-la. À minha frente um funcionário do banco, um rapaz com ares de mais esperto, deu-me um corretivo:

- O senhor não precisa tirar a cinta.

Pensou que eu achara ser a fivela da cinta a causa da porta travar (?) ou ficou com medo que minhas calças caíssem nos tornozelos e todos vissem uma constrangedora cueca samba-canção com bolinhas vermelhas? Neste caso, seria gozado entrar no banco de calças na mão e a deixar sobre a mesa do gerente. Perguntar-lhe-ia:

- O que mais voces querem de mim?

Não é à toa que se ouve dizer por aí "se bobear com banco ele te toma até a cueca".

Mesmo não sendo partidário da atitude extrema da mulher que disparou uns tiros dentro do banco, pergunto-me se não queriam lhe tomar também calcinha. Se a moda pega, os bancos ficariam parecidos com o "saloon" dos antigos filmes de bang-bang.

Fiz-me de surdo. Assim como a porta, o coitado estava no automático e, portanto, sem a capacidade humana da observação, mas algo me dizia que ele não passava de um "filho da porta". Não dá para ficar complacente numa situação destas, mas eu vinha de um céu azul sobre um dia brilhante, lindo demais. Ignorei a porta sem cabeça, o guarda (volumes), a caixinha que é um saco, o funcionário que funciona no defeituoso como a porta, enfim, a "roubada" em que insistiam em me meter.

Naquela situação em branco e preto, tirei o cinto do primeiro passador e lentamente puxei o objeto. O rapaz observou o movimento das alças dos zípers da capa da máquina e, para manter a pose, deu uma de que estava por dentro do acontecido:

- Ah, só precisava abrir o zíper e tirar o negócio de dentro.

PÔ!!! o "filho da porta" veio de bandeja na mão, na medida exata para ouvir de mim:
- Ô fiô... acha mesmo que eu abriria o zíper pra você?

Ficou com cara de aparvalhado. Nem sei se ele entendeu. Socorri-o pregando-lhe um repreensivo sombrolho. As crianças tem medo das sobrancelhas por não as entender. Colapsado, ele falou qualquer coisa engasgada, incompreensível.

Enfim, coloquei a embalagem da máquina na caixinha mas não a soltei, pois ela teria uma queda de uns quatro ou cinco dedos. "Agora, chato vou ser eu", pensei.

- Solta, ordenou o guarda.

Olhei pra ele e pra caixinha para ver se ele decifrava o óbvio.

- Solta, ordenou ele mais uma vez.
- Tem ovos aí dentro, adverti-o.

Fuzilando sua raiva, ele meteu a mão na caixinha e como sua mão não passava pelo anteparo, esticou os dedos para amparar a queda do objeto.

Segundos depois entrei no banco e peguei o objeto da discórdia. E se fosse um artefato explosivo? Por isto é que digo, o guarda também é "filho da porta", burro como uma porta. Dizendo-lhe que dentro havia uma máquina fotofráfica, agradeci-o por ampará-la para mim, mas ele me ignorou. Se tivesse cérebro poderia dizer "É mesmo, então eu quero vê-la".

Dei-lhe um obrigado pela suas costas. Ele chacoalhou o corpo como um capoeirista. Pareceu-me que gingaria o corpo para me devolver o golpe. Achei que ele gostaria de tirar o cassetete para me dar uma borrachada para se redmir em conjunto com o rapaz que queria ver o meu negócio. O "obrigado" lhe doía nos ossos.

Mas este não foi o fim das minhas desventuras dentro daquela banco que se pareceu mais com reco-reco que uma caixinha.

Jairo Ramos Toffanetto