sábado, 4 de agosto de 2012

Porta de banco, a catraca do inferno - 1


Uma vozinha metálica lhe diz o que todo mundo sabe quando a porta giratória de qualquer banco lhe impede a passagem, mas ela quer dizer:
- Você pode ser ladrão. Volte e deixe orevolver na caixinha ao lado da porta junto ao guarda.

Um amigo deixara o molho de chaves na tal caixinha, mas a porta continuava a travar sua entrada. Ele explicou para o homem fardado e armado que seria impossível portar qualquer metal simplesmente porque estava de camiseta, bermuda e chinelão. Até levantou a camiseta e girou o corpo para que não ficasse nenhuma dúvida, mas o guarda não liberou a porta para sua passagem, e ele também não voltou para o lado de fora.

Mostrando irritação, o guarda insistiu para que ele saísse e fosse para atrás da linha amarela.

- Daqui só saio se for para entrar, respondeu o meu amigo, e lá ficou à sós com estrídula vozinha mecânica lhe pentelhando os... ouvidos. O guarda cada vez mais irritado. As pessoas do lado de fora o metralhavam com olhares ferinos querendo a vez para passar. Por fim o gerente apareceu e se entenderam pelo lado de dentro do banco.

Diante de uma destas portas giratórias, meses depois ouvi dizer que o Brasil inteiro ficou sabendo pela TV que uma bela dona, irritada com a porta, com o guarda, com o banco, com a fila anciosa para entrar, cismou de tirar a roupa para mostrar que não escondia nenhuma bazuca. Ficou de calcinha e sutiã, e mais, ameaçou tirar o resto caso a porta não se abrisse para ela.

Acredito que o guarda, copiando os mínimos detalhes do corpo da mulher, disse para ela com sorriso de paquiderme:

- Pode passar, dona.

Enfim, se o banco se torna clientela de bandidos de mãos armadas é porque os merecem.


Jairo Ramos Toffanetto

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