quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Pulei o carnaval - de sexta para “quarta-feira de cinzas”.

 Jairo Ramos Toffanetto

 
Pulei o carnaval - de sexta para “quarta-feira de cinzas”. Neste tempo estive lendo, passeando, escrevendo, blogando, ouvindo meus cd(s), pintando o muro do terraço de casa e assim por diante.
 
Décadas atrás o termo em uso não era pular, mas brincar o carnaval, mesmo porque quem pula é o gato, o cachorro, o cavalo, o veado, a zebra... Como nos diz contos populares, o vocábulo pular estaria correto se se referisse àquelas famosas festas da bicharada no céu.

Para “brincar” é preciso ser como a criança. Com desprendimento e criatividade ela entra no mundo da fantasia aonde representa tudo o que a aflige e dá forma de expressão para o que ela não tinha nenhuma. Vai aprendendo separar coisas e se resolvendo para se tornar melhor.

Em suas origens, e o carnaval não é invenção brasileira, ele se expressava similarmente, é só pesquisar pra saber mais detalhadamente. Infelizmente, por causa da televisão, do samba enredo, das alegorias, o carnaval se tornou temático, com torniquete de regras para um evento de mídia. Virou “coisa” de figurino, tudo marcado como num desfile militar, e, por fim, pra estrangeiro ver. Acredita-se que do contrário não se tornaria linguagem de mídia e nada colaria.

Os adultos desaprenderam “o brincar”, pois, em geral, vivem engessados o tempo todo. Seja através do bestial “politicamente correto” tão em moda ou para defender sua boquinha. Quanto mais engessados mais pesados, mais difícil o desprendimento para a criatividade e mais biritas tomam. Biritas para quebrar o gelo (desinibir-se) e não o gesso.

Mas houve um tempo em que se “brincava” o carnaval e não se dizia “desfile de escolas de samba” mas simplesmente “desfile de rua” ou “carnaval de rua”. Nestes antigos “desfiles” a dura realidade era desabafada através da fantasia e com muito humor.

Uma das sensações do carnaval do Rio de Janeiro deste ano se deu com figurantes escorregando num tobogã para cair numa piscina d’água. Linguagem de impacto e nada mais. Se isto fosse feito por gente que sabe do “brincar”, tipos caracterizados de diferentes meios sociais escorregariam por este  tobogã representado em ladeira abaixo onde o folião cairia numa piscina de água, sim!, mas cheia de dinheiro de plástico boiando e transbordando para o chão, um catarse. Alguns sairiam com a cueca cheia de dinheiro, outros com a indefectível mala preta. O leão dos impostos abocanharia boa parte, assim como raposas e aves rapinantes de toda sorte, até a sogra.

Enfim, esqueci de dizer muita coisa, mas amanhã me lembro.

 
Jairo Ramos Toffanetto

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