Uma imagem marcou um certo domingo de Páscoa da minha infância.
Minha mãe me dissera para eu encher uma bacia com água para ver o Cristo no céu.
O céu era azul como o desta manhã, límpido como a água na
bacia, mas nela o céu não se refletia.
- Manhê... não estou vendo nada. Nem o céu azul aparece.
Da cozinha ela me responde:
- Continua olhando que Ele já aparece.
Eu devia ter oito anos de idade. Sei disso porque foi o ano em
que mudamos do Jardim Pitangueiras para a Vila Progresso. Por fim, com as mãos
eu ia jogando a água para vê-la escorrer pelo quintal como um rio a separar formiguinhas
e ilhar outras. Só faziam a passagem se o fio de água cessasse de escorrer
Agora fiquei sabendo que lá no Rio Grande do Sul se fazia a
mesma brincadeira com as crianças. Coisa da mente coletiva da época.
Hoje o céu amanheceu azul e límpido como o daquele domingo
de antigamente. Pois enchi um balde com
água e nela dissolvi um pouco da pedra de anil. Enfiei a cabeça dentro e me vi
refletido na superfície da água.
Quem me dera a transparência da água límpida.
Bem que tento.
Quem me dera ver Jesus, o Cristo em mim.
Bem que atento
mas...
desatento à atenção
a passagem acontece
Eu Sou o Cristo que há em mim
desde as pequenas ações?
Jairo Ramos Toffanetto
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