Av. Tiradentes (Serra da Cantareira ao fundo) |
Nos últimos vinte e um dias estive transitando em São Paulo pela Marginal do Rio Pinheiros, avenidas Juscelino Kubitschek, 23 de Maio e Tiradentes. Ninguém agüenta a buzinação dos moto-boys obrigando os carros deixar espaço livre para eles. Quando algum túnel está com trânsito entupido, parado e sem risco para a passagem deles (p.ex.: veículo trocando de faixa), eles vem de longe advertindo sonoramente o carro avistado em posição fora do gosto deles, e todos pagam por isto. Buzinam buzinam buzinam...
Ontem, devido a circunstâncias de força maior, ao abrir caminho pra uma ambulância, meu carro deixou o corredor estreito para eles, obrigando-os a uma manobra cuidadosa para seguirem em frente sem esbarrarem no meu carro e no outro ao lado. O absurdo foi que quase todos buzinaram castigando-me junto à minha janela, bem nos nervos - uma violência. Poxa, tudo mundo parado e eles passando à velocidade que bem entendem, e Ai daqueles que os estorvam! É aquela velha história "Se tá bom pra mim, o outro que se dane!". Enfim, uma desumanidade.
A irritação é grande. Aposto que muita gente como eu gostaria de pegá-los de cinta mas... em pensar que morrem de cinco a sete motoqueiros por dia... Mês passado conversei bastante com um deles. Ele me contou que o tempo todo é rastreado, cobrado para nova entrega o esperando, desconsideradamente pressionado para diminuír o tempo de percurso, sofrendo ameaças de perder o emprego, e assim por diante. Mas isto é só uma parte da tensão que sofrem, como as novas leis que limitam sua autonomia no uso da motocicleta, salário, a falta de perspectiva de vida e assim por diante. Pra mim, nada justifica sua buzinação nervética.
Respeito é bom e faz toda diferença. É o que nos caracteriza como seres humanos, que nos coloca no patamar de estado civilizado, e que nos diferencia do desumano. Como ficar complacente com a sevalgeria? Quem tem espaço e não o respeita, não merecem o espaço que tem. Vão lavar prato na copa do mundo.
Jairo Ramos Toffanetto
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