(...) E isto não
é fantasia, chama-se realidade cotidiana.
A fantasia, que não é nenhum sonho,
abandonada num galpão escuro, pede ajuda. Uma moeda em sua mão seria uma
realidade muito forte para ela, cruel, desvanecer-se-ia, daí a luva. Puxá-la
pra fora? Talvez no próximo carnaval, mas nele a fantasia é trocada por outra.
Só se mantém partes do seu arcabouço. Talvez perca a mão, também o braço. Ficou
a imagem insólita, e quem quer saber dela? A paixão não subexiste ao dia a dia,
um após o outro. Só o Amor faz isto. Mas quem quer saber do Amor, se tudo se
nivela por baixo dos panos.
Mas não é que ela escapou do galpão e
caminha pelas ruas disfarçada de gente que clama por um mundo mais justo, sem
fome, sem corrupção, sem miséria! Ela está em cada esquina, praça, ou ponto de
ônibus. Vai no trem, dentro dos carros, das casas, por trás das gravatas.
"Comigo não", dirá a bela dona com uma bolsa de vinte mil reais em
disfarce, em fantasia à tiracolo.
Mas... talvez tenha passado por você, e
você, preocupado com coisas relativas, fantasiado (escondido) pela máscara da
vaidade, a mesma do egoísmo e da hipocrisia, ignorou-a. Assim, até quando seu
coração deixará de ser indiferente? A menos que seus olhos já tenham se tornado
de vidro, repare bem, sinta, nela está o olhar de criança pedindo ajuda, e ela
ainda te dirá "que Deus te abençoe". Sim, porque pra você já não há
salvação. E isto não é fantasia, chama-se realidade cotidiana.
JRToffanetto
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