Um homem sentado num banco em frente ao Hospital São Vicente de
Paulo. Banco que também ampara uma flor dos jardins da praça. Eu sei, ele
aguardava o horário de visitas, mas o que eu não sabia até hoje era o que
dizer, talvez porque na linguagem do sentir não existam palavras.
Súbita imagem que se guardou em mim e, depois, salva em
"minhas fotografias". Embora mais de uma vez a tenha postado neste
meu "Poemas de Sol", sempre me vi desafiado a expressar o instantâneo
daquela emoção seguida do fotografar, um presente. Três dias antes do Natal e,
subitamente, revejo-a ao procurar alguma imagem que saltasse me chamando.
...observando o portão de entrada, o homem cruza os braços a se
proteger da movimentação do local. A metade do seu pé esquerdo fora da guia diz indica para aonde ele vai, diz que ele chegou a pouco, mas o bastante para inclinar a perna e o pé em descanso e
também relaxar o outro pé, tirando o peso, deixando-o plantado, esquecido, e a meio caminho do se levantar ao que se
seguiria.
Pela distância física entre ele e a flor, não me parece ser ele
quem a arrancou do jardim. Haviam razões para ela estar assentada ali. No meu
caso, p.ex., sem ela talvez eu passassem por eles às cegas. Um está em
companhia do silêncio do outro, e ambos em doação de si próprios. Ela com a
beleza e ele com seu coração a ser entregue ao visitado no hospital.
O encanecer dos seus cabelos o roçam na idade do eterno. Um homem
tão grande e de delicadeza ainda maior. A tirar por ele, o visitado é do mesmo
tamanho.
Somos frágeis e delicados por mais fortes e destemidos que sejamos. Somos seres em evolução, infinitamente em evolução, em aprimoramento do "eu".
Sou-lhes (visita e visitado) amigo sem nunca antes termos nos visto frente a frente.
Até hoje sinto meu coração abraçado ao deles.
JRToffanetto
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