Maoel de
Barros
O apanhador
de desperdícios
Uso a
palavra para compor meus silêncios
Não gosto
das palavras
Fatigadas de
informar.
Dou mais
respeito
às que vivem
de barriga no chão
tipo água
pedra sapo.
Entendo bem
o sotaque das águas
Dou respeito
às coisas desimportantes
Prezo insetos
mais que aviões
Prezo a
velocidade
das tartarugas
mais que a dos mísseis.
Tenho em mim
um atraso de nascença.
Eu fui
aparelhado
Para gostar
de passarinhos.
Tenho
abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal
é maior do que o mundo.
Sou apanhador
de desperdícios
Amo os
restos
Como as boas
moscas.
Queria que a
minha voz tivesse um formato
de canto.
Porque eu
não sou da informática:
eu sou da
invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.
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