A primeira vez que "The B-52's" esteve no Brasil foi no Rock in Rio de 1985. Vieram outras vezes e, agora,. em outubro, no HSBC (São Paulo). Como ninguém, eles são máximos muito mais em criação de estado dançante, de pura alegria do que qualquer outra coisa. Trazem de volta uma certa elegância perdida na década de sessenta. São "cult" sem ser retrô, uma explosão cool, pura sinergia, e isto pode ser visto em qualquer vídeo deles que se puxe pelo YouTube. (JRT)
sábado, 31 de agosto de 2013
B-52's - Rock Lobster live 1983
A primeira vez que "The B-52's" esteve no Brasil foi no Rock in Rio de 1985. Vieram outras vezes e, agora,. em outubro, no HSBC (São Paulo). Como ninguém, eles são máximos muito mais em criação de estado dançante, de pura alegria do que qualquer outra coisa. Trazem de volta uma certa elegância perdida na década de sessenta. São "cult" sem ser retrô, uma explosão cool, pura sinergia, e isto pode ser visto em qualquer vídeo deles que se puxe pelo YouTube. (JRT)
The B-52's - Private Idaho 1980 Video widescreen
sexta-feira, 30 de agosto de 2013
Elza Soares e Miltinho - Samba do Zirigidum - 1997
Sem esquecer grandes cantoras brasileiras e, especialmente, as gingantes do jazz norte-americano, a que mais me toca é, sem dúvida alguma, Elza Soares. Pois ela desceu de um morro da cidade do Rio de Janeiro para encantar o mundo com samba nos pés e instrumento musical na voz. Pena que eu não consegui puxar "Samba do Ziriguidum" para esta página, mas segue o link (iluminado) para ser acessado como um presente, um "ziriguidum" aos amigos deste meu "Poemas de Sol". Com vocês, Elza Soares e Miltinho:
https://www.youtube.com/watch?v=7iZbiHshBZY
Elza Soares e Miltinho - Samba do Zirigidum - 1997
(YouTube)
JRToffanetto
quinta-feira, 29 de agosto de 2013
Grieg - Solveig's Song
César Aira em entrevista ao Caderno 2 do jornal "O Estadão"
Veja trecho da entrevista do escritor argentino publicada na Caderno 2 do jornal "O ESTADO DE S.PAULO", e no link abaixo veja-a na íntegra:
Você prefere a literatura que se deixa levar pela improvisação mais do que aquela que tem tudo previsto, calculado e estudado?
Prefiro a improvisação porque dessa maneira é a própria escritura que vai tomando as decisões e encontrando as melhores soluções. Se refletisse a trama antecipadamente, tudo sairia exclusivamente de mim, do homem que sou, não do artista no qual a escritura me converte. Como homem, sou um pequeno-burguês, pai de família enfadonho e convencional e só conseguiria escrever coisas óbvias, enfadonhas e convencionais também.
A entrevista:
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,critica-debochada-,1068673,0.htm
Você prefere a literatura que se deixa levar pela improvisação mais do que aquela que tem tudo previsto, calculado e estudado?
Prefiro a improvisação porque dessa maneira é a própria escritura que vai tomando as decisões e encontrando as melhores soluções. Se refletisse a trama antecipadamente, tudo sairia exclusivamente de mim, do homem que sou, não do artista no qual a escritura me converte. Como homem, sou um pequeno-burguês, pai de família enfadonho e convencional e só conseguiria escrever coisas óbvias, enfadonhas e convencionais também.
A entrevista:
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,critica-debochada-,1068673,0.htm
quarta-feira, 28 de agosto de 2013
CONCERT: Ibrahim Maalouf in Beiteddine Art Festival 2011
Não consegui puxar o vídeo do YouTube, e talvez pelo baixo acesso, mas segue o link pra quem gosta de música em performance jazzísttico do bebop ao blues à música árabe no improviso da ave rara do trumpete de quatro válvulas de Ibrahim Maalouf e sua impecável banda. Gosto disto!!! E mais, Maalouf estará em São Paulo neste fim de semana no SESC POMPÉIA. Às 19 h no sábado e domingo às 20 h. Veja-o, ouça-o em apresentação ao vivo >>>>>>>
https://www.youtube.com/watch?v=eMpvJ-qaHWo
https://www.youtube.com/watch?v=eMpvJ-qaHWo
"Ai, que lindo" ou "A(o)um"
Ensaio sobre o belo.
Quando se
diz “Ai, que lindo!” para com um quadro de pintura, uma música ou um poema, o
artista criador desconfia. Desconfia da identificação imediata para com sua
obra. Por que se a obra nada desafia, ela não carrega, em si, ao menos alguma reflexão
sobre o tema criado, deixando, portanto, de ser arte por ficar num ponto raso
demais.
De outro
modo, a arte pode ter levado o espectador para dentro da obra e, havendo ele
nela se reconhecido, alcançou o objeto da expressão e o transcendeu. Acessou
área de seu universo aonde ele pôde se integrar ao universal ou absoluto,
tornando-se por esta integração algo como “em (co)autoria”, e isto é tudo o que
o verdadeiro artista sonha.
Talvez
porque a arte é, em geral, vista como sinônimo do belo, e belo visto como
sinônimo da perfeição, daí o significado do “Ai, que lindo!”, o que já é alguma
coisa, mas verdadeira obra de arte deve ir além do bate pronto dos olhos.
Ninguém fala “Ai, que lindo!” para o perfume da rosa, sua essência. Escrevo, agora, um
haicai assim:
“O olor da
rosa
é da
intimidade do universo.
Ah Uhmm...”
O artista
busca a linguagem da essência, e esta, para o espectador, nem sempre é identificável
à primeira vista. Vitor Hugo dizia que no peito de uma mulher voa uma pomba.
Isto é lindo ou sutil? Ah, sim, a beleza do sutil, isto é, para além do objeto
de admiração. Para mim, a pomba do Hugo ainda voa no meu imaginário. Vejo-a
todo dia. Com ela ando de mão dadas pelas ruas da minha cidade. Abraço-a dizendo-lhe
com o Sem-fim: Eu te amo.
Jairo Ramos Toffanetto
terça-feira, 27 de agosto de 2013
Quem voa, voa em bando
FotosJRT190513-B
(nas cercanias da Ponte Torta)
CLIQUE NA IMAGEM P/ AMPLIAR
Quem voa, voa em bando no reino de todas as possibilidades..
Só é livre quem, por primeiro, reina
sobre si mesmo.
Ser livre é quem tem existência real.
Quem é livre vai ao encontro do outro e lhe presta ajuda verdadeira.
Ser livre é quem tem existência real.
Quem é livre vai ao encontro do outro e lhe presta ajuda verdadeira.
A liberdade é uma conquista que passa
pela coragem de acionar o que é maior que a si próprio.
A Sabedoria é irmã da Justiça, da Liberdade e da Paz, e todas são filhas da Bondade Maior.
A Sabedoria é irmã da Justiça, da Liberdade e da Paz, e todas são filhas da Bondade Maior.
Jorge Aragão - Aria Cantilena nº1 das Bachianas Brasileiras nº5 e Loucuras de Uma Paixão
Heitor Villa-Lobos, que em sua mocidade ia com seu violão para as rodas de choro pelas ruas da cidade do Rio de Janeiro, certamente adoraria ver suas bacchianas se tornando expressão popular.
segunda-feira, 26 de agosto de 2013
Maria, Carnaval e Cinzas - Roberto Carlos (Festival de 1967 - Arquivo Record)
Marcas deixadas pela Música Popular Brasileira
Na fotografagem da "XLIV e XLV Expo Imagens - Sucata de Sonhos", postadas ontem e antes de ontem, ocorre-me "Maria, Carnaval e Cinzas" cuja música e letra de Roberto Carlos foram dominantes por todas as ruas do Brasil, e numa época em que o rádio vivia ligado aonde quer que você fosse e nele a MPB era soberana. Ainda vivíamos sobre o impacto da transição da velha para a jovem-guarda, e a bossa-nova ainda era muito forte. Em seguida surgiria o Tropicalismo, um movimento de vanguarda sob o regime militar em que vivíamos, e também coincidindo com uma série de manifestações artísticas importantes, como o Cinema Novo, o Teatro de Vanguarda, e nas artes plásticas. Quanto aos legendários Festivais da TV Record, assistíamos anotando tudo, pois a escola pedia relatórios e explicação das letras das músicas. Enfim, foi uma época de efervescência poético artística jamais vista na cultura popular Outro movimento de vanguarda musical surgiria no final da década de setenta, e de grande riqueza, mas já sem a força da mídia, pois surgiria em festival da TV Cultura e não com Arrigo Barnabé e Itamar Assumpção mais o poeta Paulo Leminski, e que a TV Globo, dedicada a outros interesses não encampou e a rádio, já na onda da breganização, não o reconheceu. Daí pra frente, a música popular brasileira não teve mais movimentos históricos importantes, mas continuou se enriquecendo no modo instrumental. (JRToffanetto)
Maria, Carnaval e Cinzas
(Roberto Carlos)
Na fotografagem da "XLIV e XLV Expo Imagens - Sucata de Sonhos", postadas ontem e antes de ontem, ocorre-me "Maria, Carnaval e Cinzas" cuja música e letra de Roberto Carlos foram dominantes por todas as ruas do Brasil, e numa época em que o rádio vivia ligado aonde quer que você fosse e nele a MPB era soberana. Ainda vivíamos sobre o impacto da transição da velha para a jovem-guarda, e a bossa-nova ainda era muito forte. Em seguida surgiria o Tropicalismo, um movimento de vanguarda sob o regime militar em que vivíamos, e também coincidindo com uma série de manifestações artísticas importantes, como o Cinema Novo, o Teatro de Vanguarda, e nas artes plásticas. Quanto aos legendários Festivais da TV Record, assistíamos anotando tudo, pois a escola pedia relatórios e explicação das letras das músicas. Enfim, foi uma época de efervescência poético artística jamais vista na cultura popular Outro movimento de vanguarda musical surgiria no final da década de setenta, e de grande riqueza, mas já sem a força da mídia, pois surgiria em festival da TV Cultura e não com Arrigo Barnabé e Itamar Assumpção mais o poeta Paulo Leminski, e que a TV Globo, dedicada a outros interesses não encampou e a rádio, já na onda da breganização, não o reconheceu. Daí pra frente, a música popular brasileira não teve mais movimentos históricos importantes, mas continuou se enriquecendo no modo instrumental. (JRToffanetto)
Maria, Carnaval e Cinzas
(Roberto Carlos)
Nasceu Maria quando a folia
Perdia a noite, ganhava o dia
Foi fantasia seu enxoval
Nasceu Maria no Carnaval
E não lhe chamaram assim
Como tantas Marias de santas
Marias de flor, seria Maria
Maria somente, Maria semente
De samba e de amor
Não era noite não era dia
Só madrugada, só fantasia
Só morro e samba
Viva Maria
Quem sabe a sorte
Lhe sorriria e um dia viria
De porta-estandarte
Sambando com arte
Puxando cordões e em plena
Folia de certo estaria
Nos olhos e sonhos de mil
Foliões
Morreu Maria quando a folia
Na quarta feira também morria
E foi de cinzas seu enxoval
Viveu apenas um Carnaval
Que fosse chamada
Então como tantas
Marias de santas
Marias de flor, em vez de Maria
Maria somente, Maria semente
De samba e de dor
Não era noite, não era dia
Somente restos de fantasia
Somente cinzas, pobre Maria
Jamais a vida lhe sorriria
E nunca viria de
Porta-estandarte
Sambando com arte
Puxando cordões
E não estaria em plena folia
Nos olhos e sonhos
De mil foliões
Perdia a noite, ganhava o dia
Foi fantasia seu enxoval
Nasceu Maria no Carnaval
E não lhe chamaram assim
Como tantas Marias de santas
Marias de flor, seria Maria
Maria somente, Maria semente
De samba e de amor
Não era noite não era dia
Só madrugada, só fantasia
Só morro e samba
Viva Maria
Quem sabe a sorte
Lhe sorriria e um dia viria
De porta-estandarte
Sambando com arte
Puxando cordões e em plena
Folia de certo estaria
Nos olhos e sonhos de mil
Foliões
Morreu Maria quando a folia
Na quarta feira também morria
E foi de cinzas seu enxoval
Viveu apenas um Carnaval
Que fosse chamada
Então como tantas
Marias de santas
Marias de flor, em vez de Maria
Maria somente, Maria semente
De samba e de dor
Não era noite, não era dia
Somente restos de fantasia
Somente cinzas, pobre Maria
Jamais a vida lhe sorriria
E nunca viria de
Porta-estandarte
Sambando com arte
Puxando cordões
E não estaria em plena folia
Nos olhos e sonhos
De mil foliões
domingo, 25 de agosto de 2013
XLV Expo Imagens - Sucata de Sonhos (Parte 2)
FotosJRT617023813
Galpão São Paulo Railway
Museu Ferroviário, Jundiaí/SP
CLIQUE NA IMAGEM P/ AMPLIAR
Galpão São Paulo Railway
Museu Ferroviário, Jundiaí/SP
CLIQUE NA IMAGEM P/ AMPLIAR
Jairo Ramos Toffanetto
Chico Buarque e Mart'nália - Sem Compromisso
Em Berlim, Chico faz dueto com Mart'nália relembrando uma música de Geraldo Pereira e Nelson Trigueiro. Depois, uma música de autoria do próprio Chico.
Franz Liszt: Liebestraum cello and piano
Franz Liszt: Liebestraum cello and piano
Cellist Seeli Toivio and her brother, pianist Kalle Toivio perform Franz Liszt (1811-1886) "Liebestraum" at Festival Servais 2007. Halle Basilica, Belgium, June 6, 2007. Festival Concert: Bicentennial Commemoration of the Belgian cello virtuoso Adrien François Servais (1807-1866). www.servais-vzw.org
Franz Liszt em 1840 foi considerado por alguns como, talvez, o maior pianista de todos os tempos. Liszt foi também um compositor bem conhecido e influente, professor e maestro. Ele foi um benfeitor para outros compositores, incluindo Richard Wagner, Hector Berlioz, Camille Saint-Saëns, Edvard Grieg e Alexander Borodin.
Como compositor, ele foi um dos representantes proeminentes da "Neudeutsche Schule" ("Nova Escola Alemã"). Deixou para trás um corpo extenso e diversificado de trabalho em que ele influenciou seus contemporâneos sobre o futuro e antecipou algumas ideias e tendências do século XX. Algumas de suas contribuições mais notáveis foram a invenção do poema sinfônico, desenvolvendo o conceito de transformação temática, como parte de suas experiências em forma musical.
sábado, 24 de agosto de 2013
sexta-feira, 23 de agosto de 2013
Empatia no Atendimento ao Cliente (Parte 1)
(Série de cartazes + texto criados por mim)
EMPATIA (Parte 1)
É comum nos depararmos com clientes cheios de dúvidas ou indecisos na compra. O atendimento se torna arrastado e, muitas vezes, a compra não se realiza ou, então, o cliente leva o que não queria. Mais tarde, se ele não tirou suas dúvidas no concorrente e fez suas compras por lá, talvez ainda volte para nossa loja já com alguma definição do que quer.
Significa que se ele não foi bem atendido
da primeira vez, voltará só porque precisa e cheio de prevenções para com o nosso Negócio. É assim que se começa perder um cliente: pelo atendimento que lhe é prestado.
Jairo Ramos Toffanetto
Treinamento Corporativo
Contato: (11) 949524149
EMPATIA (Parte 1)
É comum nos depararmos com clientes cheios de dúvidas ou indecisos na compra. O atendimento se torna arrastado e, muitas vezes, a compra não se realiza ou, então, o cliente leva o que não queria. Mais tarde, se ele não tirou suas dúvidas no concorrente e fez suas compras por lá, talvez ainda volte para nossa loja já com alguma definição do que quer.
Significa que se ele não foi bem atendido
Google Imagens |
Quando um atendente se colocar no lugar do
cliente, consegue sentir o que ele sente e descobre o que ele mais precisa e
des-erta dentro de si a vontade de lhe prestar ajuda verdadeira.
Empatia leva o colaborador ser útil no ponto da necessidade
do cliente e lhe presta um “verdadeiro atendimento” porque está intimamente
ligada ao altruísmo, ao interesse pelo próximo e à capacidade de ajudar, e também está na MISSÃO da
empresa: "garantir a satisfação do cliente".
Reflitam nisto, e aguardem a Parte 2.
Jairo Ramos Toffanetto
Treinamento Corporativo
Contato: (11) 949524149
quinta-feira, 22 de agosto de 2013
GAL COSTA & RAPHAEL RABELLO - NO RANCHO FUNDO
Para além do fazer artístico da Gal, sempre a ouço como um antídoto do "mau gosto mau gosto mau gosto" que grassa no mndo dos tacanhos, e ainda ousam chamar de música mas, enfim, se ainda precisam disto...
quarta-feira, 21 de agosto de 2013
Nise da Silveira e seu legado para a mente humana.
"Não se curem para além da conta. Gente curada é gente chata. Todo mundo tem um pouco de loucura. Vou lhes fazer um pedido: vivam a imaginação, pois ela é a nossa realidade mais profunda. Felizmente eu nunca convivi com pessoas mais ajuizadas. (Nise da Silveira)"
Nise da Silveira, renomada médica psiquiatra brasileira, aluna de Carl Jung, teve uma vida intensa e deixou marcas no estudo do psiquismo humano. Seus importantes feitos merecem ser conhecidos. Comece pelo Wikipédia>>> http://pt.wikipedia.org/wiki/Nise_da_Silveira
Com Strauss (crônica de um Brasil sem efeitos especiais)
Bons tempos quando a maioria das vitrolas brasileiras tocavam em 75 rpm o "Danúbio Azul" de Strauss. Faltar esta valsa nas casas era como não ter um sofá na sala de estar ou uma cama sem colchão. Lembro-me ficar sentado no cavalinho sentindo a sensação de felicidade do meu pai que a ouvia e sonhava, e sorria. As valsas de Strauss se constituiam no ideal de beleza de uma época.
A vitrola chegou quase junto da televisão. Lá em casa, por volta de 1958. Eu tinha quatro anos de idade. Era muito grande o facínio da imagem em movimento na sala de casa e onde podia passar o mundo, era muito grande, mas com meu pai não ia além do uso semelhante a qualquer eletrodoméstico. A televisão, por mais mágica se apresentasse, não sibstituíra o espaço para a música.
Sábado ou domingo à tarde uns e outros vizinhos vinham ouvir algumas músicas, as crianças vinham acompanhando-as. Primeiramente elas se sentavam na sala junto dos adultos e ali ficavam quietinhas, dominando a ansiedade de brincar e farrear. Este era o passaporte para que o dono da casa, o pai, vendo-as bem comportadas, finalmente me incumbisse de levá-las para brincar no quintal.
Era-nos diferente, especial, sublime, brincar ouvindo o som das valsas de Strauss vindo lá da sala. Nem sei se hoje consigo traduzir aquele sentimento. Gosto azul de céu, da harmonia em requinte, da alegria lúdica, da paz em sentimento. Um estado de beleza composto de pequenas coisas, de pequenos gestos como o acompanhamento de bolo com café, e simples assim. Isto era tudo, era o todo.
Enfim, vejo que hoje as pessoas em geral já não sabem criar estados de beleza. Perdeu-se a simplicidade espontânea. Já não se busca a felicidade, mas o estar contente e, para isto, uma latinha de cerveja é tudo. É triste ver a moçada andando pelas ruas com litrão de destilado passando de mão em mão. Mas chega, isto está dando interferência ao gosto do belo.
Sozinho, e de fone de ouvido na sala de concerto em frente ao notebook, dou novo play nesta valsa de Strauss e com a felicidade e a honra de a ter compartilhado com os amigos deste meu Poemas de Sol.
Jairo Ramos Toffanetto
terça-feira, 20 de agosto de 2013
Com Max Ernest o subjetivo é a verdadeira objetividade
Max Ernest foi um pintor alemão, naturalizado norte-americano e depois francês. Também praticou a poesia entre os surrealistas.
Com Max Ernest o subjetivo é a verdadeira objetividade
Para mim, a
imagem instantânea que calcou em meus sentidos é
que os personagens homem e mulher estão numa vagem que se rompe pelo amor, e para
além do físico. Diz de um amor embrionário.
O homem
perde o chão do mundo exterior junto da mulher, daí o fato de ele não ter o restante de uma das
pernas. Ela é o seu chão, o braço que o recebe e acolhe, e as pernas cruzadas
indicam segura passividade. Ela nasceu para amar, e ele para trabalhar na manutenção dele.
O braço dele
se projeta para fora. Ele abraçará o
mundo lá fora, fora do embrião, fora do núcleo do amor, mas carregará seu beijo para onde for. O amor o torna
livre, eis a razão dele. Ela o ama por isto, liberta-o, pois. Ele ama ser amado por ela, pela beleza. Ele não a prende, ela fica. Ele sai para pacificar a natureza bruta exterior da qual saiu. Daí a corda estar fora da vagem e vagem enquanto órgão sexual feminino, a ser protegido, defendido.
Para amar
ele não precisa da perna que leva a andanças subexistenciais, só amar, amar e
amar. A perna não está na obra, mas não sinto que lhe falte alguma. Aqui o
surreal contém mais realidade. O subjetivo é mais objetivo que o objetivo
entendido como verdade.
Ele é do
azul da realeza, mas é o sangue na perna da mulher que lhe dá vida, motivo. Um
sem o outro seriam inanimados, não em relação interdependente, mas de necessidade
da origem, da natureza mestre. Mas o homem perde a natureza ao sair fora da
vagem. Talvez por isto o amor tenha virado só sexo, estreitando sua essência, seu
significado de vida, reduzindo-o a objeto de satisfação do desejo próprio,
individual.
Ernest
coloca o olhar na origem. O amor enquanto ideal, a força da natureza enquanto
semente, a completude que liberta. O homem e a mulher estão na mesma origem.
Origem que os reordena para que a consciência possa se ampliar com segurança.
Em Max Ernest prevalece a arte.
Jairo Ramos
Toffanetto
segunda-feira, 19 de agosto de 2013
O "eu" ou a máscara?
O "eu" ou a máscara?
Nos dias de hoje, a imagem tem substituído a palavra, e isto é algo que todo mundo pode testificar. O mundo virtual é dominante. Vivemos um período de transição para a esfera mental. Não busco prós e contras. A imagem que se passa pode não remeter à realidade dos fatos mas a constrói. A construção de uma afecção hedionda, p.ex. Ação da ideia que se forma e, assim, o virtual vai se tornando concreto.
O que você
imagina acontece, e você pode ser o que não é mas o que imagina ser. O individualismo parte da verdade pessoal de
cada um, e destituída de juízo de valor por que tais “verdades” são as do meio,
da influência externa no objeto de atenção, do barco que está passando e no
qual se entra. Estou dizendo da ausência do eu, do “imagino, logo existo”.
No presente,
a essência original é quase “um pecado original” no meio em comum. Faltam
elementos ao meio externo para que ela seja vista, mas a diferença que a
individuação pode fazer está para além do que se imagina por aí.
Bem poucos conseguem
transpô-la na ocupação do espaço em comum. Agir mediante ela demanda
princípios. Nossa essência demanda princípios do Eterno. O externo não tem
princípios, é caos, demanda criação. É só através de tais princípios
transpostos em conduta filosófica que se pode ver o outro e ir ao seu encontro
para lhe ser útil, prestar ajuda verdadeira.
Vivemos um
período de escolhas: o “eu” ou a “máscara”.
Se a escolha é a do “eu”, haverá responsabilidade de ordenar o próprio pensamento
para criação de imagens responsáveis ao bem em comum. Eu, p.ex., vim para
trazer e compartilhar o Belo. Se este é meu pão de cada dia, procuro ser bom no
trabalho em razão do pão de trigo.
Jairo Ramos
Toffanetto
domingo, 18 de agosto de 2013
Russell Malone - Malone Blues (2006)
Um último blues nesta noite de domingo.
Russel Malone, nascido em Albany/Georgia/E.U.A, é essencialmente autodidata do balanço e da guitarra bebop.
Quando escrevo - Gruimaràes Rosa
Quando escrevo
Quando escrevo, repito o que já vivi antes. E para estas duas vidas, um léxico só não é suficiente. Em outras palavras, gostaria de ser um crocodilo vivendo no rio São Francisco. Gostaria de ser um crocodilo porque amo os grandes rios, pois são profundos como a alma de um homem. Na superfície são muito vivazes e claros, mas nas profundezas são tranqüilos e escuros como o sofrimento dos homens. (Guimarães Rosa)
João Guimarães Rosa (1908-1967),
médico, diplomata e um dos mais importantes escritores brasileiros de todos os tempos.
Madrugada Azul
Reminiscências desta madrugada
http://poemas-de-sol.blogspot.com.br/2013/08/xliii-expo-imagens-para-dream-de-jcage.html |
Madrugada adentro.
Acordo, abro os olhos e assim fico, aceso. O escuro está integrado ao silencio.
Ouço um som de motor que do longe vem se aproximando. Quando próximo, outro som
mecânico rapidamente o cruza em perpendicular e desaparece. O primeiro passa
pela minha janela e vai sumindo no equidistante finito. No fim, resta um cachorro
louco latindo no vazio. Depois uma folha seca risca o asfalto como unha. Era da
árvore da calçada de frente, uma pata de vaca. Era o vento. Chegou em minha
janela e, suavemente, bateu algumas vezes contra a veneziana. Um outro motor passa acelerado em frente da
minha cama e ao chegar na rua debaixo seu escapamento espouca pá pá-pá-pá pá. O silêncio está. Ouço apenas o tec
tec do semáforo trocando os sinais enquanto o vento rumoreja nas folhas das árvores. Minha mente vai ao
farol verde e o troca por azul, depois o
amarelo, o vermelho... Os motores anunciam
que a madrugada está no fim, pois singram o bairro com mais constância, mais
pra cá do que pra lá.. O cão emudeceu. De
repente o vento bateu como mão em minha janela. Debalde, eu também não estava ali! E foi
embora deixando a minha janela, a insistência pela desolação, as árvores, as
folhas ao chão. Brinquei com a memória daqueles sons, misturei-os de vários
modos. Parecia dar samba. Do outro lado desta extensão, vários sonhos acordados
se abriam. O pio do primeiro passarinho é um beijo na manhã. Não me lembro de deixar os três faróis em
azul, só faltava o vermelho. Dormi, mas nem parece.
Jairo Ramos Toffanetto
John Cage: "Dream" e "Mysterious Adventure"
(Ouça "Dream" também ao piano de John Cage na XLIII Expo Imagens - Para "Dream" de J.Cage em >>> http://poemas-de-sol.blogspot.com/2013/08/xliii-expo-imagens-para-dream-de-jcage.html)
John Cage é considerado uma das figuras chave nas vanguardas artísticas do pós-guerra. Críticos o têm como um dos mais influentes compositores estadunidenses do século XX. Além disso, ele influiu também no desenvolvimento da dança contemporânea, principalmente por sua parceria com o coreógrafo Merce Cunningham.
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