De outro
modo, a arte pode ter levado o espectador para dentro da obra e, havendo ele
nela se reconhecido, alcançou o objeto da expressão e o transcendeu. Acessou
área de seu universo aonde ele pôde se integrar ao universal ou absoluto,
tornando-se por esta integração algo como “em (co)autoria”, e isto é tudo o que
o verdadeiro artista sonha.
Talvez
porque a arte é, em geral, vista como sinônimo do belo, e belo visto como
sinônimo da perfeição, daí o significado do “Ai, que lindo!”, o que já é alguma
coisa, mas verdadeira obra de arte deve ir além do bate pronto dos olhos.
Ninguém fala “Ai, que lindo!” para o perfume da rosa, sua essência. Escrevo, agora, um
haicai assim:
“O olor da
rosa
é da
intimidade do universo.
Ah Uhmm...”
O artista
busca a linguagem da essência, e esta, para o espectador, nem sempre é identificável
à primeira vista. Vitor Hugo dizia que no peito de uma mulher voa uma pomba.
Isto é lindo ou sutil? Ah, sim, a beleza do sutil, isto é, para além do objeto
de admiração. Para mim, a pomba do Hugo ainda voa no meu imaginário. Vejo-a
todo dia. Com ela ando de mão dadas pelas ruas da minha cidade. Abraço-a dizendo-lhe
com o Sem-fim: Eu te amo.
Jairo Ramos Toffanetto
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