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Madrugada adentro.
Acordo, abro os olhos e assim fico, aceso. O escuro está integrado ao silencio.
Ouço um som de motor que do longe vem se aproximando. Quando próximo, outro som
mecânico rapidamente o cruza em perpendicular e desaparece. O primeiro passa
pela minha janela e vai sumindo no equidistante finito. No fim, resta um cachorro
louco latindo no vazio. Depois uma folha seca risca o asfalto como unha. Era da
árvore da calçada de frente, uma pata de vaca. Era o vento. Chegou em minha
janela e, suavemente, bateu algumas vezes contra a veneziana. Um outro motor passa acelerado em frente da
minha cama e ao chegar na rua debaixo seu escapamento espouca pá pá-pá-pá pá. O silêncio está. Ouço apenas o tec
tec do semáforo trocando os sinais enquanto o vento rumoreja nas folhas das árvores. Minha mente vai ao
farol verde e o troca por azul, depois o
amarelo, o vermelho... Os motores anunciam
que a madrugada está no fim, pois singram o bairro com mais constância, mais
pra cá do que pra lá.. O cão emudeceu. De
repente o vento bateu como mão em minha janela. Debalde, eu também não estava ali! E foi
embora deixando a minha janela, a insistência pela desolação, as árvores, as
folhas ao chão. Brinquei com a memória daqueles sons, misturei-os de vários
modos. Parecia dar samba. Do outro lado desta extensão, vários sonhos acordados
se abriam. O pio do primeiro passarinho é um beijo na manhã. Não me lembro de deixar os três faróis em
azul, só faltava o vermelho. Dormi, mas nem parece.
Jairo Ramos Toffanetto
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