domingo, 18 de agosto de 2013

Madrugada Azul

Reminiscências desta madrugada


http://poemas-de-sol.blogspot.com.br/2013/08/xliii-expo-imagens-para-dream-de-jcage.html


Madrugada adentro.  Acordo, abro os olhos e assim fico, aceso. O escuro está integrado ao silencio. Ouço um som de motor que do longe vem se aproximando. Quando próximo, outro som mecânico rapidamente o cruza em perpendicular e desaparece. O primeiro passa pela minha janela e vai sumindo no equidistante finito. No fim, resta um cachorro louco latindo no vazio. Depois uma folha seca risca o asfalto como unha. Era da árvore da calçada de frente, uma pata de vaca. Era o vento. Chegou em minha janela e, suavemente, bateu algumas vezes contra a veneziana.  Um outro motor passa acelerado em frente da minha cama e ao chegar na rua debaixo seu escapamento espouca pá  pá-pá-pá pá. O silêncio está. Ouço apenas o tec tec do semáforo trocando os sinais enquanto o vento rumoreja  nas folhas das árvores. Minha mente vai ao farol verde e o troca por azul,  depois o amarelo, o vermelho...  Os motores anunciam que a madrugada está no fim, pois singram o bairro com mais constância, mais pra cá do que pra lá..  O cão emudeceu. De repente o vento bateu como mão em minha janela.  Debalde, eu também não estava ali! E foi embora deixando a minha janela, a insistência pela desolação, as árvores, as folhas ao chão. Brinquei com a memória daqueles sons, misturei-os de vários modos. Parecia dar samba. Do outro lado desta extensão, vários sonhos acordados se abriam. O pio do primeiro passarinho é um beijo na manhã.  Não me lembro de deixar os três faróis em azul, só faltava o vermelho. Dormi, mas nem parece.
Jairo Ramos Toffanetto

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