segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Maria, Carnaval e Cinzas - Roberto Carlos (Festival de 1967 - Arquivo Record)

Marcas deixadas pela Música Popular Brasileira

Na fotografagem da "XLIV e XLV Expo Imagens - Sucata de Sonhos", postadas ontem e antes de ontem, ocorre-me "Maria, Carnaval e Cinzas" cuja música e letra de Roberto Carlos foram dominantes por todas as ruas do Brasil, e numa época em que o rádio vivia ligado aonde quer que você fosse e nele a MPB era soberana. Ainda vivíamos sobre o impacto da transição da velha para a jovem-guarda, e a bossa-nova ainda era muito forte. Em seguida surgiria o Tropicalismo, um movimento de vanguarda sob o regime militar em que vivíamos, e também coincidindo com uma série de manifestações artísticas importantes, como o Cinema Novo, o Teatro de Vanguarda, e nas artes plásticas. Quanto aos legendários Festivais da TV Record, assistíamos anotando tudo, pois a escola pedia relatórios e explicação das letras das músicas. Enfim, foi uma época de efervescência poético artística jamais vista na cultura popular Outro movimento de vanguarda musical surgiria no final da década de setenta, e de grande riqueza, mas já sem a força da mídia, pois surgiria em festival da TV Cultura e não com Arrigo Barnabé e Itamar Assumpção mais o poeta Paulo Leminski, e que a TV Globo, dedicada a outros interesses não encampou e a rádio, já na onda da breganização, não o reconheceu. Daí pra frente, a música popular brasileira não teve mais movimentos históricos importantes, mas continuou se enriquecendo no modo instrumental. (JRToffanetto)



Maria, Carnaval e Cinzas
(Roberto Carlos)
                                  
Nasceu Maria quando a folia
Perdia a noite, ganhava o dia
Foi fantasia seu enxoval
Nasceu Maria no Carnaval
E não lhe chamaram assim
Como tantas Marias de santas
Marias de flor, seria Maria
Maria somente, Maria semente
De samba e de amor
Não era noite não era dia
Só madrugada, só fantasia
Só morro e samba
Viva Maria
Quem sabe a sorte
Lhe sorriria e um dia viria
De porta-estandarte
Sambando com arte
Puxando cordões e em plena
Folia de certo estaria
Nos olhos e sonhos de mil
Foliões
Morreu Maria quando a folia
Na quarta feira também morria
E foi de cinzas seu enxoval
Viveu apenas um Carnaval
Que fosse chamada
Então como tantas
Marias de santas
Marias de flor, em vez de Maria
Maria somente, Maria semente
De samba e de dor
Não era noite, não era dia
Somente restos de fantasia
Somente cinzas, pobre Maria
Jamais a vida lhe sorriria
E nunca viria de
Porta-estandarte
Sambando com arte
Puxando cordões
E não estaria em plena folia
Nos olhos e sonhos
De mil foliões

Um comentário:

Jairo Ramos Toffanetto disse...

... Marcas deixadas pela música popular basileira.