As pessoas
se escandalizam porque alguém levou um tiro por ter abalroado o retrovisor de
um carro dirigido por um animal, mas elas gritam palavrões cabeludos no
trânsito. Outros exprobram aquele que manifesta desejo de comer menininhas mas não
tem vergonha de revelar que assistem vídeos em conformidade com isto. Um chama
o outro de burro porque se reconhece nele, e os dois não valem por um, ou mesmo
uma manada deles.
Ao instalar
um software no meu leptop, a internet
começou abrir sites de conteúdo nenhum. No último deles apresentava a foto de
uma bela mulher com os dizeres: “40 razões para você adorar mulheres de biquíni”,
obviamente de 40 imagens, imagino eu. Não o abri, mas a propósito do que vi abri
meu editor de texto para escrever isto aqui. Estará apontando a tendência de se
esconder a parte íntima da mulher? Mas “adorar”? Significa a mulher enquanto
religião?
Eu não entro
facilmente nestas bobagens. Gosto de ficar com o que meu sentir diz. Por esta ótica, aquele site para mim mostraria o que vejo pelo que sou e faço: aos poucos a mulher, cansada de mostrar o que todos querem
ver, começa a cobrir as partes. Primeiro a de maior interesse ao mundo masculino,
e, depois, as demais. Perguntem-se comigo: Retomaria a elegância? o apuro das formas? a beleza que
levou anjos celestiais a abandonarem suas asas para terem a poesia num abraço e,
por fim, poder beijá-la, queimar-se de tanto ardor? Viveríamos um mundo mais temperado e menos injusto? Pelo menos no que diz respeito às mulheres com o dom da vida que vale a pena ser vivida, eu creio que sim.
Não, meus
amigos, os desejos mórbidos de homens e mulheres ainda não se esvaziaram a este
ponto. O mais provável é, no caso daquele site, haver uma empresa por trás disto e correndo atrás de
muito dinheiro. Ou então as 40 razões não passam de entretenimento barato,
passageiro, idealizado por baratas grandes atrás de ganhos por acessos em seu
site. Enfim, não dá um copo de suco se por a internet e seus milhões de
internautas num liquidificador.
Vivemos em
uma época que esgota todas as possibilidades da matéria, e tão voraz quanto um
animal depredador, e as mulheres ainda precisam se dar como presa fácil. Ainda sofrem
da “Síndrome do “Chapeuzinho Vermelho”.
Jairo Ramos Toffanetto
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