O presidente Lula não se incomodou quando sem-tetos acamparam em frente do prédio em que ele morava em 2009. Conta-se que quando passou por eles um reporter perguntou ao Presidente se ele ia fazer alguma coisa por aqueles brasileiros, e ele mais uma vez respondeu:
- Eu não sei de nada!!!
Cidade
Cênica (1 e 2) – Prefeitura 10 X Brasileiros 0
“As coisas que
nos assustam são em maior número do que os que
efetivamente fazem mal, e
afligimo-nos mais pelas aparências
do que pelos fatos reais.”
(Sêneca)
1.
A moça
uniformizada com um terninho preto esperava o elevador. Não olhava para os
lados, estava pensativa. Seu rosto se iluminou ao ver suas colegas se
aproximando, puxou-as com as mãos e, sorrindo, disse para elas:
- Olha só o
que me aconteceu. Moro no Jardim Paulista, em Várzea Paulista e na rua abaixo
da minha casa estão acampados um monte de sem-teto. Ao passar por lá pra
alcançar avenida que leva pra Jundiaí, um PM me parou com uma metralhadora,
olhou pra dentro do carro enquanto outro lhe dava cobertura, e gritou pra
mim:
- Vá!
Seu sorriso
só se fechou ao dizer:
- Você sai
de casa e é cercada por metralhadoras.
Mas logo
voltou seu sorriso ao concluir entrando no elevador:
- Dá pra
imaginar uma coisa destas? Parece filme, gente. Tinha até helicóptero da
polícia. Não acho que precisavam de tanta intimidação.
. . .
2.
Ao ouvir a
palavra filme, imaginei uma cena bem
diferente:
A moça dobra
a esquina e seu carro é interpelado por uma senhora que se apresenta como
Assistente Social da Prefeitura. Dá-lhe uma nota de cem reais e lhe pede que vá
à padaria e compre pão francês.
- Vê se você
consegue uns duzentos pães, mais dois quilos de mortadela fatiada, cinco potes
de margarina e um galão de água mineral.
E finaliza dizendo “traga o cupom fiscal com o troco”.
Quando ela
volta, encontra várias mesinhas onde estagiárias preenchem no computador dados
de todas as pessoas que lá estão. Uma perua Van sai pra Rodoviária, outra pra
estação de trem, e três ônibus estão chegando para levar os demais a um
acampamento especialmente montado pela prefeitura.
Ao chegarem
ao local, duas dezenas deles já tinham agendamento de entrevista para empregos
na região. Aos empregados por mais de quatro meses havia uma casinha popular os
aguardando junto da sua família. Aos que não arrumavam emprego, a Prefeitura
oferecia cursos profissionalizantes, e estes iam desde o bordar de panos de
pratos ao aprendizado de máquinas operatrizes e computação. Muitos iam
trabalhar na reciclagem de lixo com três salários mínimos de ganho. Enfim,
estas e outras oportunidades abraçadas, significava o pagamento de um terço do
aluguel vigente. Para a compra desta casa, entre outros requisitos, não
deveriam ter nenhuma passagem pela polícia. Os filhos deveriam estar estudando,
tirando boas notas, sem correção disciplinar e faltas às aulas, ter carteira de
vacinação em dia, passado pelo serviço de saúde bucal, registrado presença em
práticas esportivas, e assim por diante.
Enfim, a
cidade de Várzea deu o exemplo que foi seguido por Jundiaí e Campo Limpo
Paulista. Demais cidades do país adotaram o mesmo procedimento.
JRToffanetto
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