"A beleza artística não é representar uma coisa
bonita,
mas na representação
de uma coisa bonita."
Immanuel Kant (1724-1804)
Diante de uma coisa artisticamente bonita, ao gosto dos
olhos, em geral se ouve esta exclamação de bate pronto:
- Que lindo!!!
Mas o que é o belo? O que é belo para você pode não ser o
mesmo para mim e vice-versa.
Kant resolve uma parte desta questão. Para ele, o juízo de
gosto estético se dá na representação.
Entendo a exclamação “que lindo” como algo que entrou por
um lado e saiu por outro, isto é, não ficou para deixar uma mensagem sequer.
O belo artístico nos desafia para além dos olhos. O que
está para além dos olhos transcende. Para transcender, a obra verdadeiramente
artística criará um estado, far-se-á de ponte, abrir-se-á como porta de
passagem. Só entrando nela para se descobrir a linguagem no belo, o que fala em
você. Mas é preciso chegar até esta porta e bater para que ela se abra.
Os olhos pertencem aos sentidos primários. Estes sentidos
não ficam no objeto de admiração. No sentir está o silêncio, e é ele que fala
dentro da gente e não o objeto da admiração. Saber o que a obra está a dizer é
ficar nela, um ficar tão instantâneo quanto o bate pronto dos olhos.
Há que se praticar a linguagem do sentir, a linguagem do
silêncio, o que fala em nós, a linguagem do que verdadeiramente
somos. E a cultura... a cultura vem depois, apenas ilustra.
O nosso tempo é caracterizado pela imagem, a cada dia uma
enxurrada delas. O que fica? Pula-se de uma imagem para outra a todo o tempo e
não se consegue, ao menos, percorrer os olhos no firmamento. Dez minutos diante
do céu estrelado – uma eternidade – ajudaria a entender o que estou dizendo.
Mas não se consegue desligar ao menos o celular.
De minha parte, tenho o privilégio de um Amigo que sempre
me pergunta:
- Como vai a sua mente?
Jairo Ramos Toffanetto
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