Manhã azul de domingo. Fui à feira daqui do bairro com M.a Regina. A Vila Progresso está linda. O Ipê amarelo tomou boa parte de suas ruas e de todos nós. Dádiva da beleza, da alegria.
- Fotografe, Jairo, exclamou minha mulher. Fotografe. As flores vão caindo,
caindo...
despedindo-se
da gente.
As calçadas, as frentes das casas ficam lindas. Ficam feias as pessoas que as varrem. Pode-se não reconhecer a poética das flores mas... jogá-las no lixo? Poesia ainda viva, sufocada em sacos plásticos ou misturadas com restos de comida e de papel não higiênico dos banheiros?
Aqueles que assim fazem não serão sectários do “Coisa Ruim”, ou melhor: da inconsciência ruim que pesa sobre o planeta? Gostam de ver a poesia no alto das árvores, mas bem longe da frente das suas casas. Mas, ah se soubessem “A história do Ipê Amarelo”..., pois eu a conto:
O Planeta Verde, por milênios buscando evoluir para além de si mesmo, finalmente alcançou a flor, a perfeição, a beleza. Gerou algo maior que si mesmo para, em agradecimento à graça da vida, oferecer-se à Luz como flor. E os deuses, comovidos, exclamaram:
- Eis a perfeição.
Os poetas batizaram tais árvores de ipê amarelo, rosa, branco , roxo... Só não sabiam que de cada folha caída ao chão transforma-se num anjo que varre a sujeira da mente humana, mantendo-nos, pois, em equilíbrio,
... e também explica o fato da loucura dos dias de hoje. Temos menos poesia na terra e menos anjos no céu para nos acompanhar e ajudar, e assim ficamos cada vez mais perdidos. A Regina, eu, o Rubem Alves, e tantos outros...
...somos um destes perdidos
...perdidos de amor pelo Ipê Amarelo
... rosa, branco, roxo...
JRToffanetto
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