domingo, 28 de setembro de 2014

É muita cachorrada (crônica)


FotoJRToffanetto no Bairro da Ponte São João


- É muita cachorrada da sua parte trazer seu cãozinho pra fazer cocô na frente do portão da minha casa.
O “homenzinho” do tamanho de um guarda-roupas fez uma cara de cachorro sem dono. Tentando recompor-se, olhou pra mim com ar de desentendido dizendo:
-  Com quem o senhor você está falando?
É hilário como hoje em dia todo mundo se porta no chamado “politicamente correto”. A estampa de gente fina e educada deixa-os acima da indecência e até do respeito próprio, sugestionando quem o aborda como inconveniente, dado a “gafes”. Respondi-lhe:
- Totó, fala pro seu dono limpar a cáca.
Aí o “homenzinho” se agigantou:
- Você é muito malcriado.
- Malcriado? Meu pai e minha mãe me deram educação de gente, não de cachorro.
- Você quer m levar porrada?
- Não, só quero que você cate os charutos do totó. A propósito, como um cisco de cachorro desses consegue cagar uma enormidade  destas?
. . .
Ficção à parte, de tudo já aconteceu na calça da minha casa, pois ao lado há uma clínica veterinária para cães dos piores donos de animais da cidade. Não faz muito tempo, disse pra dona de uma cadelinha que mijava em frente ao portão de casa:
- Pôxa, dona, é aqui que a senhora vem trazer sua cadela para se desapertar, é?
Pois a mulher que saíra de um carrão branco, importado, me mostrou o dedo do meio.
Disse para ela:
- Credo, é pra isto que a senhora usa o dedo do meio? Que nooojo.
Esta história não foi ficção, e ela ainda me ameaçou trazer o marido para que eu lhe dizer aquilo na cara dele.
- E porque, nãão! exclamei eu.
- Seu ma-leducado. Vou dar queixa na polícia.
- Faça o que bem entender, mas não traga mais a sua cadelinha pra emporcalhar a frente da minha casa.
Jairo Ramos Toffanetto

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