Céu de hoje na manhãzinha ao leste |
Acordo com o ronco de um avião, mas prolongado demais. O que está acontecendo (interrogação). Levanto-me e vou para o terraço de casa. No meio do céu da madrugada escura, pouco antes da barra clara do dia, um boing ruma para o sentido sul, direção do aeroporto de Congonhas. Ao norte vejo um outro abrindo luz. Conto até oitenta e três e este último passa ao meio do céu - o ponto de referência é a antena parabólica do vizinho - e, ao norte, há um outro apontando. Desço para fazer o café e vejo o relógio da cozinha marcando 05:15 h. Fico atento aos roncos no céu. Volto com xícara nas mãos, maço de cigarros e isqueiro. A barra clara do dia já estava presente. Ouço um pombo arrulhando. Até às 06:05 h, os aviões passaram ao meio do céu com intervalos entre noventa a cento e vinte e três segundos.
Todos estes aviões por uma única rota, nenhum pra Cumbica, p. ex., ou pra Viracopos em sentido contrário. Média de trinta a trinta e cinco aviões desde o momento em que acordei é de se perguntar, especialmente por ser domingo. A propósito, dia do clássico Palmeiras e Santos. Sorrio ao imaginar que estes aviões estavam indo pra São Paulo ver o periquito do Parque Antártica fritando peixe da Vila Belmiro. Lembro-me também que o Paulista F.C., time da minha cidade, acordando na liderança do campeonato paulista, e à frente de nada menos que Corinthians e São Paulo. Enfim, apesar do meu sorrir por estas ocorrências futebolísticas, como os aviões vinham do sentido de Brasília, gerou-me um questionamento nada agradável. "Ué, o trem da alegria palaciana em turismo interno", exclamei. Não seria nada agradável pensar em algo mais sério, tenso, apreensivo, entrementes, em que pese os dias de hoje, tudo de tudo pode estar acontecendo, afinal, há uma grande porcaria no mundo aí fora. Assim. recuso-me abrir a Internet para uma sapeada pelas últimas notícias. Não acredito neste mundo que aí está. Em qualquer página, no topo, veria fotos do BBB - Big Brother Brasil. Dá-me nojo em saber que uma nação é mobilizada pela mídia tão burra e inconsequente como. O globo cresce na desordem e no progresso de tudo que é escroto. Seja o que for, de uma forma ou de outra chega aos meus ouvidos, afinal, notícias de um mundo bem pior correm rápido. Prefiro os dois cds que não paro de ouvir, aliás escrevo esta postagem ouvindo-os: "The Maker" e "Foot Prints" de Pat Martino, um jazz lascado, de primeira linha, e que fica ainda mais primoroso quando nele se evoca a Bossa Nova.
Voltando para o avião, o que me causou espécie foi o de vê-los como a emigração das aves fora do período. Quando assim, elas sempre anunciam alguma tempestade, alguma catástrofe por vir, mas apaguei a cena, afinal, chega de catástrofes. Breganharia-nas pelo trem da alegria, afinal "tá todo mundo louco, obá!! Ainda bem que não tenho este poder, pois seja o que Deus quiser, afinal, a aurora apresentou-se leve e tão formosa. Até a consumação dos tempos, ainda estamos no Dia da Criação.
Jairo Ramos Toffanetto
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