Descendo a R. Baronesa do Japi fui surpreendido com grande número de pombos vindos em sentido contrário e dominando o espaço aéreo sobre aquela rua. Creio que uma cena semelhante a esta ou como a da foto abaixo abriu a idéia da escritora britânica Daphne Du Maurier para criar o conto "Os pássaros" e Sir Alfred Hitchcock trazê-lo para as telas do cinema (The Birds, de 1963). Pela inovação em efeitos especiais ele ganhou o Oscar mas, seja dito: tais efeitos foram potencializados pela igual inovação em trilha sonora.
Enfim, fiquei em vão por hora e meia com a máquina fotográfica à mão esperando novo sobrevôo de pássaros no trecho de céu sobre minha cabeça. Num calor escaldante de tarde de verão, observei que os pombos vinham do sentido da Ponte Torta e outros da Pça. da Bandeira e, aos poucos, iam agrupando-se sobre a fiação elétrica entre os postes daquela rua.
Eu estava sob a árvore que na foto de Fábio Barros aparece á direita. |
Como eu já tinha visto, tanto na praça em frente à Ponte quanto na Pça. da Bandeira, um personagem folclórico da cidade atirando milho aos pombos - senhorzinho de meia idade, franzino e de longos cabelos brancos amarrados com elástico à altura da nuca - ficou fácil de saber o que estava acontecendo em frente da Casa de Saúde. Talvez por desconhecer esta nova praça de alimentação e pelo impácto do vôo deles cobrindo o céu é que me causou tanta admiração.
Imagem extraída da Internet |
Ali postado, pensei nestas aves columbiformes vivendo de vôos curtos atrás de migalhas e também tirando a alimentação de muitos passarinhos, enquanto seus descendentes, os pombos correios, p.ex., podem voar mais de quinhentos quilômetros por dia à velocidade de 50 km/h. Mais tarde, pesquisando, descobri que cinqüenta e sete doenças foram catalogadas como transmitidas por estes pombos-domésticos, tais como: histoplasmose, salmonella, e criptococose. e que também são vítimas de habituais de viroses e outras moléstias, assim como hospedeiros de parasitas em sua plumagem. Daí o fato de serem chamados de "ratos de asas".
Voltei-me para a espécie humana. De algum modo, muitos de nós, assim como tais aves, deixam-se cevar pelo ambiente que atende suas necessidades primárias, e neles crescem e engordam. Vivem empuleirados em torno do repasto e voando de um pudim para outro sem conhecerem sua força ou plenitude de vôo. Em que pese tantas outras aves em pleno uso de suas possibilidades, a socidade humana iria melhor das pernas e asas se parasse de atirar milho para seus parasitas sociais, os egocentristas patológicos, os sóciopatas, essa gente enganosa, de má fé. Aos desamparados, porque não os ensinarmos plantar milho. Milho, melância e tantos outras sementes germinam em qualquer terreno em que as atire, e que poderá gerar tantas outras atividades derivantes e lucrativas.
Jairo Ramos Toffanetto
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