sábado, 26 de maio de 2012

A baleia e o homem (crônica sobre uma foto)



Desde tempos imomoriais, a baleia conhece o homem. Neste registro fotográfico, ela não se aproxima apenas dele, mas de toda a nossa espécie, o mergulhador também. Ela apresenta uma feição afetuosa. Veja o "olhinho" que ela faz. Às vezes ela se sente tão sozinha nos mares sem fim... Nunca perde a oportunidade de estar diante de criaturas inteligentes. Assim como ela põe a cabeça pra fora do aquário para ver o mundo acima da superfície da água, o homem põe a cabeça no aquário para ver o caldo original.

Tenho carregado esta baleia no colo desde que a vi. Ainda roço sua pele lisa contra a minha face. Ela sabe de coisas que nem sonha a nossa imaginação. Conheceu o continente de MU e Atlantis. Ela lê nas algas a origem do homem. Viu os primeiros hominídios do planeta. Cantou-me que mudanças cíclicas são inevitáveis, e que estamos às portas de outra. Havia uma nesga disto no seu olhar para com o mergulhador. 

Ela foi uma das poucas das grandes espécies que do mar para a terra, mas ficou para guardar estas histórias e, um dia, contar para a humanidade. Temos um lápso de memória em nossa constituição. Aquela que guarda e aprende. A baleia teme que muitos de nós não estão preparados para estas mudanças. Uma coisa ela sabe. Mais uma vez os mares ficarão livres dos homens desmemoriados.

Jairo Ramos Toffanetto

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