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"Há se não fosse a vidraça... estas grades... o fosso da rua entre os edifícios... estaríamos brincando como cães e gatos." É o que estão dizendo os bichinhos desta imagem. O gato garante que o modiscaria atrás das orelhas. O outro promete lhe dar um cafuné da cabecinha para o dorso. Queream a liberdade, o gosto pela vida.
. . .
Um dia eles se encontraram em campo aberto. Frente à frente, o que um amava no outro parece se diluir. As juras de amor eterno nem sempre resiste aos instintos primitivos. Um só sabe morder e o outro só sabe arranhar.
O final advinhado é trágico: O gato estraçalhado e morto, e o cão sendo sacrificado por ter ficado cego. Mas o gato não se encorquilha com os pelos em pé, e o outro não ameaça com seus dentes afiados.
Diante do seu antípoda, ainda que o medo possa revelar unhas afiadas e dentes dilacerantes, o cão só queria ser gato para poder subir no alto de um poste onde só cabe um. O gato só queria ser cão o bastante para se livrar daquele bicho perigoso e babão.
Passaram o fim da tarde em pontos equidistantes da praça, olhando-se de longe. Mas não era o abismo entre eles que amavam, ou a grade, ou a vidraça.
O gato, por fim, sai correndo e o cão finalmente o alcança. Brincam a tarde toda.
No dia seguinte foi tirado esta foto, ou, pelo menos, foi o que um passarinho me contou.
Jairo Ramos Toffanetto
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