terça-feira, 20 de outubro de 2020

A Poesia é mais quente que o inferno _JRToffanetto

 A Poesia é mais quente que o inferno

Mil demônios não conseguindo entrar

vão morrendo de frio, sozinhos, acabrunhados

É do poeta a medida das palavras
Ele não busca o fundo da verdade
Ela vem à tona qual peixe que é rio
qual lago que é peixe

De calcanhares molhados
Frescor líquido na ponta da língua
Golinho de nada e o poeta bebe o lago
que se esvai a todos e por  ele
que se vai desde as nascentes
alimentando o rio que passa, 
com a brisa suave, fresca, desde riacho
Cantante nos seixos declamantes

Até um dia se encontrar com as grandes águas
Do outro lado do continente com o mesmo poeta
 na praia furando ondas

 A Poesia é mais quente que o inferno do inferno

Mil demônios, não conseguindo entrar,

vão morrendo de frio, sozinhos, acabrunhados

lá fora, do lado de fora, sem saberem que é dentro.

O poeta não tem dó, tem pena de demônios

JRToffanetto

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